sábado, 28 de novembro de 2009




As lembranças

* Por Sully Prudhomme

Das velhas impressões da infância a idéia grata
perdura-nos fiel, volvam embora os anos;
em vão do nosso abril as flores sofrem danos,
a imagem delas fica indelével, exata.

Ao contrário, ai de nós! – ninguém conserva intacta
a memória, apesar de esforços sobreumanos,
das novas emoções, efêmeros enganos,
cujo traço se apaga apenas se retrata.

Como esperto escansão que no banquete a taça
entretém sempre cheia, a cada vez que passa,
passa o tempo e nos enche a memória também.

A lembrança mais nova é a gota derradeira,
que ao choque mais sutil, transborda e cai; porém
no fundo permanece a primitiva – inteira.

(Tradução de Augusto de Lima).

Um comentário:

  1. E no fim, não é só o que nos
    resta?
    A memória cheia de lembranças e hiatos...

    ResponderExcluir