terça-feira, 24 de novembro de 2009




Senzala & casa-grande

* Por Risomar Fasanaro

1
o
senhor se encantou
com os olhos da mucama
no dia seguinte a mulher
mandou servir ao senhor
o triste olhar africano
em uma salva

-de prata

**
2
a música da senzala
era a mesma da casa-grande
apenas tocava
mais feridas

* Jornalista, professora de Literatura Brasileira e Portuguesa e escritora, autora de “Eu: primeira pessoa, singular”, obra vencedora do Prêmio Teresa Martin de Literatura em júri composto por Ignácio de Loyola Brandão, Deonísio da Silva e José Louzeiro. Militante contra a última ditadura militar no Brasil.

5 comentários:

  1. Por baixo da música mais animada, uma dor que não cabe neste mundo, mas que vc, cara Ris, bem soube sintetizar nesse poema que Zumbi aplaudiria. Parabéns.

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  2. Belo poema Risomar. Fico imaginando como deveria
    ser difícil pra eles abaixar a cabeça...
    beijos

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  3. Obrigada pelos comentarios,Daniel e Núbia.
    Beijos
    Ris

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  4. O sofrimento parece ser tão normal... No dia 20 de novembro, ouvi de Tia Ninha uma história que a minha mãe, irmã dela, também contava. Pouco depois do fim da escravidão, um barco singrava o Rio Jequitinhonha, em pleno Vale do mesmo nome. Levava alguns negros, ainda na condição de escravos para trabalhar na roça. Uma mulher jovem, sentada na beirada do barco dava de mamar seu filho recém-nascido. Ela parecia não ver e nem ouvir o que se passava ao lado. O capataz arrancou a criança do colo dela e o jogou no rio. Ela pulou atrás e nunca mais foi vista. As coisas aconteciam dessa maneira.

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  5. Lindo poema !
    Toca na ferida e emociona.
    Há limite para o sofrimento ??

    Beijo, Risomar.

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