quinta-feira, 14 de maio de 2009




O aviso


* Por Gustavo do Carmo

Aos vinte anos, Maria da Luz se recusava a aceitar o seu destino: casar-se com um amigo do seu pai, quarenta anos mais velho. Seu Domingos deu-lhe um ultimato: Ou se casava ou seria deserdada.

Maria da Luz escolheu a segunda opção. Perambulou pelas ruelas de Lisboa. Encontrou uma cantina. Bebeu cinco taças de vinho com a última mesada que tinha. Já estava ébria quando conquistou a confiança do garçom. Quando se preparava para desabafar suas lamúrias ao novo amigo foi interrompida por uma seqüência de chiados. Um senhor de fartos bigodes grisalhos e cara carrancuda a encarava com o dedo apontado para o aviso na parede: “Silêncio, canta-se o fado”.

* Jornalista e publicitário de formação e escritor de coração. Publicou o romance “Notícias que Marcam” pela Giz Editorial (de São Paulo-SP) e a coletânea “Indecisos - Entre outros contos” pela Editora Multifoco/Selo Redondezas - RJ. Seu blog, “Tudo cultural” - www.tudocultural.blogspot.com é bastante freqüentado por leitores.

Um comentário:

  1. Aparentando azar, talvez tenha sido um dia de muita sorte para Maria da Luz. Mesmo não sabendo a época -atual não deve ser-, dá para imaginar quão difícil será a vida dessa moça, mas solteira, de qualquer modo será melhor do que casada.

    ResponderExcluir