domingo, 24 de maio de 2009


O mundo seria muito chato

Você já imaginou como o mundo seria chato caso não houvesse Literatura? E essa chatice não seria apenas para os amantes da leitura. Nem só para nós, que temos paixão por esta atividade e fazemos dela nosso ganha pão. E nem com exclusividade para a imensa indústria editorial, que publica milhões e milhões de títulos, com bilhões de exemplares, anualmente, mundo afora. A chatice seria generalizada.
“Bem”, diria aquele sujeito que gosta de retrucar a tudo e a todos, sem nunca refletir no que diz, “mais da metade da população mundial não tem acesso a livros, ou porque não sabe ler, ou por não gostar de leitura ou por não os poder comprar por causa do seu alto preço”. Verdade.
Todavia, a Literatura não se resume, somente, a livros. Caso ela não existisse, por exemplo, não haveria a indústria cinematográfica. Nenhum filme seria rodado. Por que? Simples: por falta de roteiros. Afinal, estes também são Literatura. Teatro? Nem pensar! Não haveria peças teatrais para serem encenadas.
E o que dizer das novelas, paixão nacional aqui no Brasil e em várias partes do mundo? Não existiriam! A audiência dos canais de televisão despencaria e, em alguns casos, chegaria a zero. Sim, porque embora muitos não se dêem conta, a novela é um gênero literário. É, portanto, Literatura.
Música haveria, é verdade, mas jamais a cantada. Pobre dos cantores! Por que? Porque as letras das suas canções preferidas, querido leitor, são poesia. Ou seja: são Literatura. Não haveria ópera, uma das formas mais requintadas de arte, por promover a união da música com a Literatura, cujos diálogos são cantados, em vez de meramente enunciados pelos atores. Convenhamos, não há como negar, o mundo seria muito chato, quer para o letrado, quer para o analfabeto.
Não existiriam revistas de histórias em quadrinho, forma popular de literatura. Não haveria cronistas esportivos, literários ou seja lá do que for. Os pescadores sofreriam bastante. Não haveria, por exemplo, aquelas histórias saborosas que narram, que primam, sobretudo, pelo exagero. Afinal, elas também são Literatura, posto que na forma oral.
É... de fato, o mundo seria chato, muito chato, chatíssimo. Não haveria, claro, o Literário e nem os textos que diariamente nos instigam, ilustram e/ou comovem.. E em não havendo, não haveria, claro, este belo poema com que Evelyne brinda os leitores nesta edição. E nem o de Fernando Monteiro, trazendo à baila um tema instigante e muito atual. E nem esta jóia antológica de Vinicius de Moraes para os leitores se deliciarem neste domingo. Felizmente, porém, há Literatura e há o Literário. Aproveitem-nos bem, pois.

Boa leitura.

O Editor.

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