500
anos da reforma protestante
* Por
João Luiz de Almeida Machado
No
ano de 1517, em 31 de outubro, a partir da ação de Martinho Lutero,
ao pregar suas 95 teses contrárias as práticas escusas da Igreja
Católica no Castelo de Wittenberg, teve início a Reforma
Protestante na Europa, que posteriormente teria também outras
vertentes, como o Calvinismo na Suíça e o Anglicanismo na
Inglaterra.
A
reforma promovida por Martinho Lutero - daí a origem do termo
Reforma Luterana - ocorreu na Alemanha, então um país cindido em
vários principados, como uma reação de religiosos, como o próprio
Lutero, em relação aos abusos promovidos pela Igreja Católica
tendo em vista sua ascendência sobre a vida da maioria das pessoas.
Eram
comuns entre os religiosos católicos práticas de cunho
materialista. As bases cristãs, de caráter espiritual, relacionadas
aos ensinamentos e a vida de Jesus Cristo haviam sido colocadas em
segundo plano e, com isso, ações como a venda das indulgências - o
perdão dos pecados, de relíquias sagradas falsas, os abusos da
inquisição, a falta de vocação religiosa de muitos padres e
bispos, a vida luxuosa dos religiosos, o acúmulo de terras e
riquezas pela igreja, a cobrança do dízimo, o monopólio da Bíblia
e da cultura e outras práticas, foram gerando descontentamento que
ocasionou a revolta liderada por Lutero.
Apoiado
pelos príncipes alemães e pela burguesia local, que acabou dando
guarida a Lutero, o líder reformista, motivada por interesses
políticos e econômicos que lhes eram favoráveis, como por exemplo,
diminuir o poder da igreja sobre a vida de seus súditos, no caso dos
líderes políticos locais, ou permitir a cobrança de juros sobre
empréstimos (a usura), prática condenada pela igreja católica, mas
que era realizada por muitos religiosos em suas paróquias.
Antes
de Lutero as tentativas de questionar as práticas da Igreja Católica
já haviam acontecido, mas por conta da falta de apoios consistentes,
seus realizadores, chamados de pré-reformadores, no século XV, como
John Wycliff e John Huss, foram presos, condenados e queimados pela
Inquisição. Eles questionavam a vida luxuosa dos religiosos, o
distanciamento dos valores espirituais, o monopólio da cultura pela
Igreja e, também, o distanciamento dos fiéis em relação aos
ensinamentos da Bíblia, que sempre era "traduzida" do
latim para a messe, com a igreja e o clero interpretando de acordo
com sua necessidade e interesse. Não haviam cópias da Bíblia em
outras línguas, somente o latim, sendo assim, ficava caracterizado o
monopólio da leitura e interpretação dos textos sacros pelos
membros do clero.
Martinho
Lutero, diferentemente daquilo que ocorreu em movimentos anteriores,
agindo no século XVI, buscou alianças com grupos poderosos como os
príncipes alemães e a burguesia da região, confrontados em seus
interesses pela Igreja Católica, para conseguir se resguardar e
sobreviver as perseguições, a acusação de heresia, a inquisição
e a condenação à morte. Dando então origem as igrejas
protestantes em todo o mundo.
* Editor do Portal Planeta Educação; doutor em Educação pela PUC-SP; e autor do livro Na Sala de Aula com a Sétima Arte - Aprendendo com o Cinema (Editora Intersubjetiva)
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