terça-feira, 1 de setembro de 2015

Encontro no trem



* Por Eduardo Oliveira Freire



S
ozinho na multidão observa a paisagem em movimento. De repente, olha para o lado e vê uma jovem observando-o. Fica desapontado, decide que não cederá. A jovem se aproxima. Tenta fugir. Ela é mais rápida:
 - Oi. Não quero incomodar, mas sempre acompanhei suas novelas. É um excelente ator. A tevê produz um fenômeno estranho, quando você aparecia na TV lá de casa, o considerava um amigo íntimo. Estou passando uma temporada por aqui e o que me conforta é a reprise de uma novela muito antiga sua. Você tá tão engraçado sendo dublado... sentia saudades de sua voz. Desculpa por importuná-lo. Pode me dar um autógrafo?
- Sim. O seu nome?
- Antônia.

Ele autografou com o coração terno. Antônia tinha uma beleza frágil. Pensou que para fazer amor com a moça, precisaria ter todo o cuidado, para não partir os seus ossos sensíveis. Convidou-a para ir ao café.
- Não posso. Tenho que trabalhar. Foi muito bom encontra-lo.

 Ele quis pegar endereço de Antônia, mas ela saiu rapidamente do vagão, misturou-se logo na multidão. Voltou à condição de anônimo e continuou a viajar no trem.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

Um comentário:

  1. Tão rápido que já acabou. O escritor pode tudo, e num parágrafo montar um final feliz. Ou não.

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