O Caçador de Pipas
* Por Eduardo Oliveira Freire
Acabei de ler O Caçador de Pipas. O
livro é linear e bem amarrado na sua estrutura. Lembrei-me que quando fiz, em
2004, uma oficina de criação literária, a professora ensinou que toda história
tem um começo, meio e fim. Nos primeiros capítulos os problemas do personagem
são mostrados, no decorrer da história ele tenta resolvê-los e no último
capítulo a conclusão, consegue solucioná-los.
O livro é bastante descritivo,
produzindo imagens líricas e ao mesmo tempo impactantes. Consegue ser
emocionante, sem clichês demasiados. Gostei mais dos primeiros capítulos e do
último. No meio do enredo, o autor quase
escorrega no melodrama, contudo, consegue sair da armadilha. Ultimamente, gosto
de ler histórias que os personagens são meramente humanos, podem ir aos
extremos: do bem ao do mal. O Caçador de Pipas narra a história de uma pessoa
que toda vida não enfrentou os seus problemas e precisa se redimir dos erros do
passado. Aborda temas universais como intolerância, preconceito, amizade, amor
e redenção. "Esta é uma daquelas histórias inesquecíveis, que
permanecem na nossa memória por anos a fio. Por muito tempo, tudo o que eu li
me pareceu sem graça. Todos os grandes temas da literatura e da vida são o
material com que é tecido esse romance extraordinário: amor, honra, culpa,
medo, redenção". - Isabel Allende. Não sei a razão, ao acabar de ler o
livro, pensei no Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë). Li ambos em dias
chuvosos e frios e me emocionaram bastante por causa da força das duas
histórias.
O
Caçador de Pipas é um best-seller. Foi lançado em 2003 nos EUA e vendeu dois
milhões de cópias. Concordo que o livro é bom, mas será que não há outros
elementos que o ajudaram a ser este grande sucesso? A história tem como pano de
fundo os conflitos étnicos do Afeganistão, a invasão da Rússia e o regime do
Talibã, considerado terrível por violar os direitos humanos. Será que a
situação atual não contribuiu para esse sucesso, entre outras coisas, uma
divulgação ostensiva da mídia e a dos agentes literários? O escritor nasceu no
Afeganistão e mora há muitos anos nos Estados Unidos. Falou dos preconceitos
étnicos na sua terra, da invasão violenta da União Soviética, todavia, não
comentou do incentivo financeiro que os EUA fizeram para o Bin Laden (líder da
Al Qaeda) lutar contra os soviéticos.
Não quero ser um Recalcado Aspirante a Escritor. É incontestável que o autor
(KHALED HOUSSEINI) mostra talento. Cada um tem o seu ponto de vista, ninguém
pode ter uma visão totalizante de tudo. Gostaria de pegar emprestado, um pouco,
o seu dom da escrita e de contar uma boa história. Tenho uma pontinha de
inveja, mas nada muito patológico.
Para quem ainda não leu o livro, vale a
pena.
*
Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais
pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural
na Estácio de Sá e é aspirante a escritor
O livro abre uma fresta da porta do oriente médio ao ocidente e impressiona.
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