Da partida
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
E então, num belo dia,
sem ao menos avisar, eis que parte um ente querido. Uns partem na disciplina e
outros na afobação.
Partem com a bagagem
cheia. Vão na mala muita gargalhada, alegrias e sonhos planejados com vagar... E
então o tempo, que nem malandro devedor, dá uma rasteira em todo mundo, encerra
a sorte, libera a dor.
E choramos, choramos
até o dia clarear, trazendo, como se nada tivesse acontecido, o sol, a cantoria
da vizinha que nem se dá conta dos meus olhos inchados.
O mundo segue, a Lua
vem e vai. O vento sacode a cortina e tomo coragem. Sigo também, com o coração
pleno de uma saudade que não sangra, mas me alerta e me acolhe na fragilidade de
que nada sou se a memória for reduzida a menos que um borrão de ti.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
Uma bela despedida, com destaque para a cantoria da vizinha. Imaginando aqui que quem partiu possa ser o seu pai, Núbia (me acolhe na fragilidade de que nada sou se a memória for reduzida a menos que um borrão de ti).
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