terça-feira, 11 de maio de 2010




Enquanto chove

* Por Evelyne Furtado

Gotas escorrem na janela e para além desta há um céu estranhamente acinzentado. Chove na cidade onde fez um calor medonho nos primeiros meses do ano. Tem um livro nas mãos e o aconchego do quarto, mas o pensamento se insurge contra a quietude e foge em formas, cores, sensações.

A imaginação é rainha dispondo das leis do tempo e do espaço. Ao seu comando todos os muros são derrubados; todas as fronteiras apagadas. Calendários são rasgados.

Tudo aqui e agora: Um belo dia de sol ou uma noite enluarada. A tarde pode até ser uma promissora madrugada. Pés descalços na areia da praia. Pedras de uma cidade antiga.

A voz mais bonita ecoa e a vida faz coro. Risos soltos. Sentidos em festa ou mesmo o repouso após a satisfação. Nessa dimensão chocolate quente não engorda. Brigadeiro também não. Tudo pode. Outro olhar através da janela e a mulher acorda. Aquieta-se. Ainda chove.

* Poetisa e cronista de Natal/RN

4 comentários:

  1. Lindo texto.
    Observei a chuva através
    da janela e me senti em paz.
    Parabéns Evelyne.
    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Ir pra Pasárgada e voltar, quinhentas vezes por dia, conforme nos chame a chuva e o infortúnio humano. Quem dera pudéssemos ficar um pouco mais por lá, a cada ida...
    Lindo texto, minha amiga. Um beijo grande.

    ResponderExcluir
  3. Suas invenções estão lindas!
    Destaco: "A tarde pode até ser uma promissora madrugada."
    Há alguma coisa mais bonita do que isso?

    ResponderExcluir
  4. Lindos são vocês e seus comentários iluminados.
    Núbia, Marcelo e Mara: beijos e obrigada.

    ResponderExcluir