sexta-feira, 14 de maio de 2010




Crendo no seu espaço

* Por Mateus Berteges

O homem tentou acreditar. Mas a dúvida insiste, persiste e existe. Ele ouviu orações, fez suas preces. Algumas mais lentas outras com pressa. Na correria do dia-a-dia, na rotina de correr pra pegar o primeiro horário. Onde cada segundo perdido é pecado, é um leite não comprado. É perder aquele trocado, aqueles centavos reais que nos ensinaram a perseguir a todo custo. E quando custava a sua fé? Seria mais que ter algo pra comer ou seria como a cerveja proibida no bar?

O homem parou pra pensar, viu que sozinho não iria conseguir. O caminho começou a turvar e a necessidade de uma luz pra seguir era cada vez gritante. Na sua fé, doou-se por inteiro enquanto lhe recebiam com um grande sorriso e colavam um crachá no seu peito. Entregaram-lhe folhetos, fizeram todos os cumprimentos e lá dentro o levaram para confortáveis assentos. E o homem sentiu-se importante, com tantos homens bem vestidos e, por enquanto, tolerantes. Aquela noite começou perfeita, nada igual ao que já havia visto antes.

Quando começaram os trabalhos, as leituras sendo expostas e impostas, o homem percebeu que tinha passado pouco tempo. Naquela hora sentiu-se pressionado. Ficou curioso e até impressionado. Em dado momento as luzes que o guiavam se apagaram. Alguns ajoelharam e outros gritaram. Eram gritos e gemidos para todos os lados.

Perdido em seu pequeno espaço, de braços pro alto, assim como foi rendido em seu último assalto, as pessoas jogavam seus centavos. E tudo que sobrava do homem, não era nem quinze avos do que lhe pertencia em todo um mês. Mas o homem ficou a salvo, pelo menos dessa vez. Mas deixaram claro: se quisesse voltar, ao clube deveria se associar.

O homem percebeu que seu lugar no céu seria caro, talvez só fosse pra lá aqueles bacanas que saíam de carro. Aqueles com belas gravatas e que pareciam não necessitar utilizar do quadro de erratas. Era tanta perfeição que o homem se sentiu distante dos seus erros. Mas seu erro foi voltar sem aqueles trocados que sabia que deveria economizar.

Ao tentar entrar, alguns ganhos reais deveria deixar. Com sua pequena e "espontânea" contribuição, sua fé seria fortalecida. Só que o homem mal teve o dinheiro da passagem de ida. Sua volta ao lar seria a pé e por essa razão o homem abandonou aquela fé e voltou a encontrar consolo com suas tentações do bar.

* Analista de sistemas

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