domingo, 9 de maio de 2010




Brasília

* Por Henriqueta Lisboa

Eu vi o sol de Brasília
à hora do nascer do sol:
bloco de topázio em prismas
alçado pelo anzol do céu
ali na faixa do horizonte
à altura de minhas mãos.
O sol que sempre vai nascer
às mesmas horas da alvorada
com a mesma ardência o mesmo adejo
a mesma graça de alvorada
quando meus olhos forem cegos.

Eu vi a lua de Brasília
flutuando no aquário escuro.
Nenhuma lua vi maior
nem mais límpida em longitude
nem mais redonda em corola.
Era um jorrar de lua a flux
em água vidros azulejos
mármores espaços à frente
relvas gramíneas buritis.
Uma lua vinda de outrora
em novo giro agora fixo
para os amores que despontam.

Vi a galáxia de Brasília
pairando sobre a flor de pedra
da catedral em ofertório.
Foi numa noite de mistério.
Os astros formavam códigos
senhas algarismos e siglas,
projetavam perfis
de Profeta Patriarca
Inventor Arquiteto
Construtor Operário Artista.

A galáxia refluía à fonte:
são os astros de humana estirpe
entressonhados noite a noite
que coroam Brasília.

* Henriqueta Lisboa é poetisa mineira, nascida em Lambari. Poema reproduzido do livro "Poemas para Brasília", antologia de Joanyr de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário