A
solução
* Por Rodrigo
Ramazzini
Assim que o funcionário Lucas percebeu,
não hesitou. Logo procurou o seu chefe, informando-o: “Há um vazamento de óleo
na tubulação”. Era um vazamento pequeno, “conta-gotas”, porém constante. Com
isso, os pingos já haviam formado uma grande “piscina” de óleo no chão da
empresa. O oleoduto ficava aproximadamente a 10 metros de altura, e
abastecia uma série de fornos.
O chefe, verificando pessoalmente a
situação, chamou os estagiários para limpar o chão e o pessoal da área de
manutenção para sanar o vazamento. Foram quatro longas horas, todas as
tentativas possíveis, mas nada. Ninguém conseguia fazer parar o vazamento.
Então, como alternativa, decidiu-se colocar um balde embaixo da tubulação, pois
pelo menos assim, o óleo não escorria no chão.
Há problemas que, com o passar do
tempo, como não lhe acham a solução, passam a ser rotina. Ou melhor, a
conviver-se com ele rotineiramente. Assim aconteceu com o vazamento. Muitos
tentaram saná-lo, porém sem sucesso. Com isso, acabou-se deixando-o de lado. A
atividade de esvaziar o balde com óleo duas vezes ao dia até já estava
intrínseca nas atribuições dos funcionários. Foi então que mudou o chefe.
O chefe novo logo ficou sabendo do
problema do vazamento, e querendo mostrar serviço, reuniu todos os funcionários
e “profetizou”: “Vou solucionar o problema do vazamento e do balde. Trarei um
especialista!” Gritos de louvor foram ouvidos.
Quando aquele sujeito baixinho, com um
lápis entre a orelha direita e a cabeça, uma prancheta na mão esquerda, uma
trena na direita e um óculo “escorregando” pelo nariz ingressou na empresa,
quase houve reverências. Era o especialista. O problema estava solucionado.
O especialista pediu três horas para a
análise. Enquanto ele media e anotava na sua prancheta as informações colhidas,
os funcionários observavam-no espantados, pois estavam perante quem,
finalmente, resolveria o problema do vazamento e do balde. Decorrido o tempo
solicitado pelo especialista, o novo chefe, triunfante, reuniu novamente os seus
funcionários e declarou: “O especialista encontrou a solução para o nosso
problema”. Foi aquela salva de palmas.
Todos aplaudiram-no, com orgulho.
Finalmente o conhecimento vencera um vazamento. O novo chefe passa a palavra
então ao especialista. “Bem pessoal, realmente eu encontrei a solução para o
problema do balde”.
Novamente as palmas e os gritos dos
funcionários ecoam pela empresa, não deixando o especialista terminar a frase.
Eufóricos, queriam carregá-lo. O chefe consegue, com dificuldade, acalmá-los. O
especialista prossegue: “Bem, pessoal, como eu disse anteriormente, encontrei a
solução para o problema do balde”.
Um silêncio paira no ar. Todos esperam
o anúncio da solução para “explodirem”. Então, o especialista completa a frase:
“É só colocar um tambor de óleo de duzentos litros embaixo do vazamento”. O
especialista só conseguiu sair da empresa amparado pelos seguranças.
* Jornalista e cronista
Quando a expectativa é grande a decepção pode ser gigante.
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