Um dos maiores best-sellers
da História
“Era um dia claro e frio
de abril e os relógios marcavam uma da tarde”. Assim começa um dos livros mais
marcantes do século XX e talvez de todos os tempos: “1984”, de George Orwell. O
sucesso foi (na verdade, é) tão grande, que seu autor se transformou em um
adjetivo. Muitas vezes, ao nos referirmos a alguma ditadura sumamente feroz,
dizemos que ela é “orwelliana”. Aliás, a expressão é utilizada em muitas outras
acepções. Tornou-se comum utilizá-la, por exemplo, para caracterizar qualquer
tipo de desonestidade praticada por algum governo. E essas são tantas!!!
Pouquíssimos escritores
são tão identificados com sua obra como o ativista inglês (posto que nascido na
Índia e cujo nome verdadeiro sequer era George Orwell, mas Eric Arthur Blair). Lembro-me,
apenas, de dois outros: de Franz Kafka, o mais conhecido, e de Marcel Proust.
Ao nos referirmos a alguma situação (ou pessoa) surreal, sumamente absurda,
dizemos que ela é “kafkiana”. Caracterizamos, por outro lado, alguma descrição
memorialística rigorosamente detalhada como “proustiana”. Não me ocorre nenhum
outro caso parecido, embora suponha (e admita) que existam mais uns ou outros.
Há, é certo, um bastante conhecido no Brasil. Ao nos referirmos a algum
dicionário do nosso idioma, seja de que lingüista for, dizemos: “Passe-me o
Aurélio”. Trata-se de referência a Aurélio Buarque de Holanda. Fazemos essa
associação graças ao seu excelente (e competente) trabalho em relação à língua
portuguesa.
Para que o leitor tenha
uma idéia do sucesso de “1984”, informo que o livro foi traduzido para 65
línguas. Foi, e continua sendo, portanto, fantástico best-seller mundial. É
impossível de se apurar a quantidade de exemplares vendidos mundo afora.
Estima-se, grosseiramente (sem exageros) que seja qualquer coisa ao redor de
algumas centenas de milhões de cópias. A enciclopédia eletrônica Wikipédia
destaca que, embora “1984” tenha sido banido e questionado em alguns países, o
livro é, ao lado de “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury, “Admirável Mundo Novo”,
de Aldous Huxley (que foi professor de Orwell) e “Nós”, do russo Yevgeny
Zamyatin uma das mais famosas representações de uma sociedade distópica.
Informa mais: “Em 2005, a revista Time listou o romance como uma das cem
melhores obras de língua inglesa publicadas desde 1923”.
Mas não é somente isso
que atesta o sucesso de “1984”. O livro foi adaptado para o cinema duas vezes
(conforme detalhei e comentei em texto anterior). Wikipédia fornece mais
informações a esse propósito. Destaca que “dois anos antes da adaptação para o
cinema, a BBC adaptou o romance para a televisão”. E informa que esta adaptação
“provou ser altamente controversa, tendo sido questionada no Parlamento e
recebido várias reclamações de telespectadores devido a seu conteúdo
supostamente subversivo e de natureza perversa”. Como se vê, não são somente
ditadores que se julgam no direito de censurar idéias. Muito cidadão, que bate
no peito, se dizendo “democrata”, age da mesma forma (ou até pior) diante de
algo com que não concorde. Ora, ora, ora.
Mas Wikipédia aduz: “Numa
pesquisa conduzida pelo British Film Institute (Instituto Britânico de Cinema)
para determinar os cem melhores programas de televisão da Grã-Bretanha do
século XX, esta adaptação de 1984 apareceu na septuagésima terceira posição”. O
sucesso da obra de Orwell, todavia, vai além, muito além de tudo o que citei.
Seu livro, por exemplo, foi transformado em ópera, que estreou na Royal Opera
House de Londres em 3 de maio de 2005. Querem mais? Inspirou o holandês John de
Mol a criar o reality show “Big Brother”, que se tornou uma praga em várias
partes do mundo e que no Brasil já teve 14 versões na Rede Globo, além de
inspirar programas similares em outras emissoras. Até história em quadrinhos
existe baseada (ou pelo menos inspirada) no livro de Orwell. Trata-se de “V de
Vingança” (adaptada para o cinema, tendo John Hurt no elenco), com enredo de
Alan Moore e desenhos de David Lloyd.
Há vários outros filmes
claramente inspirados na obra orwelliana, posto que seus autores neguem (alguns
até admitem). Um deles (o que me lembro), por exemplo, é “Equilibrium”,
estrelado por Christian Bale. Até jogo de computador (“Half Life 2”) foi criado,
bastante parecido com situações descritas em “1984”. E pensar que George Orwell
não lucrou praticamente nada com o estrondoso sucesso do seu polêmico, posto
que marcante livro! Pelo contrário. Vários de seus biógrafos garantem que a redação
dessa obra “matou-o”. O escritor estava muito doente, com tuberculose, quando o
redigiu. Morreu meses depois da sua publicação, enfrentando sérios problemas
financeiros. Muitas (se não todas) suas páginas foram escritas com sacrifício
sobre-humano, em estado febril, diversas vezes com até 40 graus de febre. Isso
é que é ter convicção no que se faz!. E esse, óbvio, é outro aspecto muito
importante, em torno desse fantástico best-seller, digno de ser melhor
analisado.
Boa leitura.
O Editor
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk.
Tenho de ler esse livro. Ficção científica não é minha preferência, mas agora preciso lê-lo.
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