sábado, 30 de agosto de 2014

A Sampa que eu conheci


* Por Cecília França


Finalmente, conheci São Paulo. Demorei vinte e três longos anos para ir à  cidade que nunca dorme (embora estivesse bastante sonolenta no último domingo). Não enfrentei uma avalanche de pessoas no metrô e consegui assento na maioria das linhas que peguei; tive dificuldade em encontrar um lugar onde pudesse tomar café à s sete da manhã; e andei pela Paulista sem esbarrar em outro transeunte.

Felizmente, o sossego do domingo não foi capaz de encobrir os principais traços da cidade, que eu ansiava por perceber. Na Fnac, mergulhei em uma variedade de cultura tão fascinante que perderia o dia por lá, onde também tomei o chocolate quente mais caro da minha vida. Atravessei a avenida e olhei para trás para contemplar a grandiosidade das sedes dos principais bancos. Me espantei com a quantidade de mendigos na rua sem fim.

Fui abordada por aspirantes a atores, que me ofereceram entradas "mais em conta" para peças de teatro. Na feira de antiguidades no MASP, um lampejo da década de 50 com um casal de cantores, a caráter, entoando um belíssimo Eu sei que vou te amar.

Como eu imaginara, uma cidade banhada por cultura. No metrô, máquinas de fazer livros. Suas moedas se transformam em clássicos de Machado de Assis ou Dostoievski.

Me assustei com o barulho do trem se aproximando tão veloz quanto eu precisava e, inevitavelmente, me vi como heróis de filmes a pular a linha segundos antes da passagem do metrô. Contrariando minha primeira frase, não conheci, apenas estive em São Paulo. Essa cidade oferece inúmeros enfoques e é fonte inesgotável de entusiasmo criador. E tudo isso, sob uma fina e constante garoa.

* Jornalista


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