terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Cenas de um casamento e amor

* Por Eduardo Oliveira Freire

Dois filmes me fizeram pensar sobre o casamento e o amor.

Assisti Cenas de um Casamento de Ingmar Bergman e ouvi uma frase muito interessante dos personagens... " Somos analfabetos emocionais, nos ensinam matemática, fórmulas e modos de agricultura e não nos ensinam a compreender a alma humana.". Não sou cinéfilo, mas gosto da abordagem do personagem a mostrar a obscuridade que existe nas pessoas e como elas tentam esconder, ficando na superfície e representando terem uma vida feliz. Lembrei-me de Persona do mesmo cineasta.

Há dez anos Johan e Marianne são casados e aparentam possuir sucesso em suas carreiras. Com as duas filhas, eles levam uma vida confortável. Mas, na realidade, não vivem o verdadeiro sentimento do casamento, parecem que brincam de bonecas. Até que, um dia, Johan se separa de Marianne e o castelo de areia se desfaz. Eles se ainda se gostam, mas o cotidiano enfadonho e o desgaste de desempenhar um bom papel de casal feliz perante aos outros corrói a relação deles.

O filme é dividido por capítulos e teve um que me chamou a atenção. Marianne é advogada e atendeu uma senhora que queria se divorciar, mesmo o marido sendo bom com ela. O motivo de pedir o divórcio é que ela nunca amou o esposo e nem os filhos, apesar de desempenhar bem o papel de dona de casa e mão.

Enfim, é uma história que faz uma crítica a Instituição do casamente e como as pessoas se prendem a aparência, não se importando com a própria individualidade. Levam a vida como marionetes.  

Ontem, assisti  Amor de Michael Haneke que narra a história de Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) é um casal de aposentados, têm uma filha que vive com a família fora do país. Anne sofre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado. O casal de idosos passa por dificuldades, que colocarão o seu amor à prova.


Amor é belo, mas não há sentimentalismo e nem uma trilha sonora que provoca choro. Pelo contrário, não há música. Mostra a nudez e a crueza de uma doença degenerativa. Mas, mesmo com a adversidade, o casal vive o verdadeiro amor, o qual cabe todos os outros amores.

Na verdade, Georges e Anne viveram a plenitude do casamento, passaram pela fase da sedução, sexo, cotidiano, filho e a velhice. O amor entre eles foi se transformando em amizade, fraternidade e maternal e paternal. Mesmo com a doença de Anne, Georges continuava a amá-la.  Eles eram um só.

Enfim, os dois filmes servem como ótimas reflexões sobre como queremos viver e nos relacionar. Dão um pequeno panorama sobre o casamento.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor


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