terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Mulher madura

* Por Evelyne Furtado

Esse texto foi sugerido por uma amiga, mas o escrevo com muita propriedade, pois o tema é meu também, afinal sou uma mulher madura e descasada, como ela. Fique claro que vou discorrer sobre a vida da mulher de quarenta (um pouco mais, um pouco menos).

Há muitas teorias, muitos mitos sobre a mulher madura. Há estereótipos e é aí que a coisa pega. Se a gente se fixar no que dizem as revistas femininas e outras publicações que tratam do assunto superficialmente, sente-se péssima. As comparações para melhor ou pior sempre afetam nossa auto-estima.

O fato é que convivemos com coisas boas e más, como em todas as idades. Quem tem quarenta anos hoje, já teve quinze, vinte e trinta. Em cada fase conviveu com problemas e alegrias. Encontros e desencontros.

Sofri às vésperas dos trinta e mais ainda às portas dos quarenta. Sofrimento inútil. Não havia um perigo na esquina da quarta década, como meus medos avisavam. Vivi preocupações motivadas pelo mito do fim da juventude, como se esta se esvaísse de um dia para outro. Como se nossos encantos sumissem de repente. Nada disso acontece assim, como se fosse maldição.

O culto à juventude não afeta apenas as mulheres, mas a nós atinge com mais crueldade, todavia vivo muitíssimo bem aos quarenta e poucos anos. Sou hoje uma mulher muito melhor do que fui aos vinte, ainda que alguns não achem isso, com base na aparência. Triste engano! Triste para quem pensa assim e não para mim.

Hoje ainda tenho dúvidas e inseguranças, mas já tive muito mais. Se perdi a inocência, não posso culpar a idade. Isso é amadurecimento!

Ah, aí vem mais um mito: o amadurecimento feminino assusta os homens. E daí, cara pálida? Vou fingir ser insegura para ter alguém fraco ao meu lado? Assumo minhas falhas, mas não as que já superei. Hoje sei mais sobre a vida do que sabia ontem. Saberei mais amanhã, se Deus quiser.
Assim, meninas, vamos vivenciando as delícias da maturidade: usufruindo a possibilidade de fazermos coisas que não podíamos fazer antes, usando o charme que a experiência nos concedeu e dispondo da sabedoria adquirida com a vida.

E não nos deixemos enganar: continuamos tão gostosas como antes ou até mais. Resta encontrar alguém especial que reconheça isso. Se acontecer será ótimo, se não, ainda teremos muito a desfrutar.


* Poetisa e cronista de Natal/RN

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