quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Falsas alegrias de Ano Novo

* Por Adede y Castro

Tudo bem que eu sou um chato, mas não consigo entender os motivos de tanta alegria nas festas de fim de ano e ano novo. Vejo gente que aparenta ser “séria” bêbada como um gambá, agindo das formas mais inconvenientes possíveis, tais como vomitar no tapete da sala do amigo ou urinar no jardim, à vista de todos, como se isto fosse a coisa mais natural do mundo.

No outro dia ele não se lembra de nada, nem mesmo do vexame de beijar a sogra na boca e declarar amor eterno ao cunhado que lhe deve todas “eu te amo, cara!”.

Algumas pessoas comem tudo que não podem, ficam doentes, gastam o que têm e o que não têm, levando cinco meses do ano seguinte para quitar as dívidas.

Entendo que a organização do tempo em dias com 24 horas, o mês com 30 dias e o ano com 365 dias é uma forma interessante de marcar fases, períodos de nossa vida, e nos auxiliar a nos organizar, fixar metas e medi-las, o que é muito importante e necessário, mas o mundo não acabou em 2012, como estava previsto, e não acabará tão cedo.

Ouvi falar que os cientistas do século 21, não mais precisos que o calendário maia que acabou sendo um fiasco, preveem o fim do mundo para daqui a quatro mil anos. Ou seriam quatro milhões de anos? Não importa, porque é “provável” que nenhum de nós esteja vivo para assistir! Assim, eu proponho que deixemos nossos quatro-mil-anos-netos (é assim que se diz?) se preocuparem com isto.

É evidente que as festas de fim de ano, com um consumo absurdo de álcool e outras drogas, em nome da alegria “feliz ano novo, querida” são uma manifestação falsa, despropositada e exagerada. Vamos comemorar com moderação, tomar alguma coisa mais forte que um refrigerante e comer algumas coisas “proibidas” pelos médicos, mas sem exagero. Vamos abraçar os verdadeiros amigos e, se estivermos sóbrios e realmente arrependidos das maldades que fizemos aos outros e interessados de verdade em perdoar aos nossos devedores, vamos abraçar a todos e chorar pelo ano velho que morre e pelo ano novo que nasce.

Não pague tanto mico, não vomite na calçada, não passe a primeira semana no banheiro ou no hospital, não vire a cara para aquele inimigo que você abraçou na virada do ano chorando e chamando de “meu irmão, sabe que eu te amo?”, declare seu amor verdadeiro pela mulher ou homem que realmente lhe interessa.

A vida prossegue, com ou sem calendário maia, com ou sem virada de ano, e isto é muito bom, pois a continuidade é que nos revigora, e não as falsas alegrias.


* Historiador

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