quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Vampiro

* Por Gustavo do Carmo

Era um vampiro e todos sabiam. Só entrava quando convidado. Por isso, seus colegas de faculdade resolveram destruí-lo. Jogaram-lhe água benta. Agradeceu-os pelo refresco. Tentaram queimá-lo com um crucifixo. Nada aconteceu. Acenderam um refletor de câmera na sua cara. Seus olhos doeram muito.

A turma de caça-vampiros da faculdade ficou animada. “Finalmente conseguimos.”, disse a líder do grupo. Mas Vladimir não morreu. Até que eles lhe cravaram uma estaca no coração. Golpe certeiro. Vladimir morreu na hora. Não virou cinzas. Mercedes, líder do grupo, e seu namorado, Clementino, foram presos em flagrante.

Vladimir era um vampiro e todos sabiam. Não um vampiro sobrenatural. Não chupava sangue. Sugava apenas a atenção e a paciência dos seus colegas. E mordia quando não lhe davam importância.

É claro que ele não morreu com a água benta, nem com o crucifixo. Sentiu a luz na cara porque tinha fotobia. Só usava óculos escuros na faculdade. Mas levar uma estaca afiada no coração ninguém resiste, né?

* Jornalista e publicitário de formação e escritor de coração. Publicou o romance “Notícias que Marcam” pela Giz Editorial (de São Paulo-SP) e a coletânea “Indecisos - Entre outros contos” pela Editora Multifoco/Selo Redondezas - RJ. Seu blog, “Tudo cultural” - www.tudocultural.blogspot.com é bastante freqüentado por leitores

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