* Por José Teles
“Satwa (do sânscrito). Deusa. O mesmo que Sattva, ou pureza, uma das trigunas, ou três divisões da natureza”.
Satwa é também o título do primeiro álbum independente da música moderna brasileira, de Lailson e Lula Côrtez. Há exatos 40 anos, a dupla enfurnava-se no estúdio da Gravadora Rozenblit, na Estrada dos Remédios para iniciar os trabalhos de parto de Satwa. Terminaram a obra em 31 de janeiro (qualquer semelhança comsativa é mera coincidência. Ou não).
Curiosidade: o mesmo número de dias que os Beatles levaram para gravar Please please me, dez anos antes.
Na época, gravava-se muito compacto independente. Na Rozenblit gravaram-se muitos de frevo. No entanto, não acontecia o mesmo com o LP. Além de caro, tinha o problema com a distribuição, divulgação. Um investimento de risco. Podia sair caro, mas para Lailson e Lula foi o maior barato.
Os recursos vieram de uma indenização trabalhista recebida por Lailson, que começara a labutar como desenhista. Acabaram fazendo um disco histórico.
Os dez temas, todos instrumentais, de Satwa (alguns com vozes ectoplasmáticas ao fundo), foram criados ad lib, ou seja, na hora, feito caldo de cana. Lailson, viola de doze cordas, Lula, tricórdio. Os títulos dos temas bastante sugestivos como Valsa dos cogumelos, ou Alegre piradíssimo.
Um deles, o Blue do cachorro muito louco, com a participação de Robertinho do Recife (o primeiro, e maior, guitar hero pernambucano). Estão ainda nos créditos: Paulinho Klein, Kátia Mesel, e Hercílio “dos Milagres” Bastos.
Depois de anos fora de catálogo (nenhuma gravadora nacional se interessou), Satwafoi relançado em CD em vinil pela gravadora americana Time-Lag.
O LP está fora de catálogo, o CD teve uma segunda edição, e pode ser encomendado no site da Time-Lag: http://www.time-lagrecords.com
Repertório: Satwa, Can I Be Satwa, Alegro Piradíssimo, Lia, a Rainha da Noite, Apacidonata, Amigo, Atom, Blue do Cachorro Muito Louco, Valsa dos Cogumelos.
Fonte: Toques, Jornal do Commercio
* Jornalista e crítico musical
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