terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O antipapa e os adoradores do bezerro de ouro

* Por Talis Andrade

A profetisa Hildegunda, peregrina na Terra Santa, encontrou três homens – dois envoltos em amplos mantos vermelhos e o terceiro em preciosos paramentos sacerdotais.
- Quem sois? – perguntou.
- Eu sou Pedro – disse o que envergava paramentos sacros.
- Eu sou o antipedro – disse o segundo.
- Eu sou o anticristo – declarou o terceiro que caminhava no meio dos dois.

Santa Hildegunda predisse que o anticristo contará com o apoio do antipapa e de uma milícia infiltrada no Vaticano. Não confundir Santa Hildegunda (faleceu em 1188), que tem uma biografia lendária, com Santa Hildegard de Bingen, também profetisa (1098-1179), conhecida pelos escritos e criação de uma música que antecipa as composições modernas dissonantes.

A profecia mariana

Em La Salette, a Senhora anuncia:
- Um precursor do anticristo fará sua aparição(...). Roma perderá a fé e torna-se-á a sede do anticristo.

Os que desautorizam a profecia, não podem negar que as três religiões do deserto falam do Apocalipse. Judeus, cristãos e muçulmanos acreditam no fim dos tempos. Não precisamente no fim do mundo. E sim no começo de um Novo Mundo. Os judeus esperam o Messias. Os cristãos e muçulmanos, o retorno de Jesus.

O último papa

Todo Conclave relembra as profecias do último papa que será Pedro II, e do antipa, “quando - profetiza Santa Hildegard - sobre o trono de Pedro sentar-se um papa que terá adotado os nomes de dois apóstolos de Jesus” (o termo apóstolo significa “mandar adiante de si”).

Pelo sim, pelo não, nenhum papa jamais ousou chamar-se Pedro ou adotar o duplo nome. João foi apóstolo. Paulo, não.

O ídolo de ouro

Para o séqüito de Mammon, o ídolo de ouro, a personificação do dinheiro acumulado de modo impróprio, o que seduz os homens para servir ao anticristo, de número 666, e tem gravado na testa as letras CFR, o papa preferido um governante de Estado preocupado com o Vaticano pontifical. Um Vaticano mundano e cortesão.

Os passageiros dos aviões Franco CC-5, os doleiros, os traficantes, os contrabandistas de armas, os criminosos de colarinho (de) branco jamais aprovariam um papa que andasse - como fez Jesus - com pescadores, marceneiros, prostitutas arrependidas, cegos, aleijados, leprosos, andarilhos descalços, sem terra, sem teto, malvestidos e esmoleres.

Eles consideram um ultraje um príncipe da Igreja que viaje de ônibus, uma excentricidade defender os mais humildes, uma aberração amar os pobres.


* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 13 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Romance do Emparedado” (Editora Livro Rápido) e outros à espera de edição.

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