Primaveras
no inverno
* Por
Francisco Fernandes de Araujo
A
graça pela vida. Quando o mundo já não nos surpreende é porque
algo de muito errado existe conosco. De fato, muitas pessoas não
reagem ao que lhes acontece todo dia, sem perceber que essa aparente
normalidade constitui um mal a ser imediatamente reparado, para
recuperar o entusiasmo perdido...
O
ânimo nas pessoas normais deve estar sempre à flor da pele para
cada novidade. Na verdade, as pessoas vivem das novidades. Sem elas,
tudo não passa de um grande marasmo, sem caminho nem finalidade...
E
se isso está acontecendo com a gente é preciso tomar alguma
providência drástica e com urgência, se não quisermos cair num
precipício profundo e sucumbirmos a qualquer momento, sem salvação.
Temos extrema necessidade de nos entusiasmar com tudo o que ocorre ao
nosso redor e, principalmente, em nosso próprio ser.
Há
longo tempo aprendi a grande lição de que muitas vezes as coisas
não acontecem com a naturalidade que gostaríamos, e que precisamos
dar alguma contribuição para que tenhamos os sonhados momentos de
felicidade, porque a vida é uma verdadeira balança, exigindo-nos
pesos e contrapesos para o seu equilíbrio.
Assim,
o nosso bem-estar exige também a nossa própria contrapartida, a
nossa própria boa vontade e um esforço efetivo.
E
quando conseguimos encontrar um novo caminho de entusiasmo também
para as outras pessoas, então a nossa própria felicidade passa a
ser dupla e algo altamente reconfortante.
Para
sermos felizes é preciso que achemos graça na vida todo dia, toda
hora, todo minuto, todo segundo. E tendo sempre o bem como objetivo,
com certeza esse milagre renovado não nos faltará.
O
milagre das primaveras no inverno é um estado de espírito que não
depende do calendário...
*
Escritor, poeta e jurista, membro da Academia Campineira de Letras e
Artes.
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