sábado, 14 de outubro de 2017

Homenagem a Cecília Meirelles

* Por Afrânio Coutinho

Falar de Cecília Meireles é como falar da flor, da brisa fresca da manhã, é, sobretudo, como falar de uma ave. A sua poesia é um pássaro que nos transmite a boa nova. Poesia do inconsútil, poesia feita de sonhos do impalpável, poesia que não tem peso. Ao lê-la, ficamos em estado de levitação tal como quando ouvimos Mozart.
 
Poesia musical, de efeito encantatório e que nos encanta pela magia de seus dedos de fada. Poesia de beleza tênue e de um leve azulado, como uma paisagem entrevista através da bruma da antemanhã. Grande e bela Cecília!
 
E é um fato que honra a nossa geração sabermos que aos governantes não escapa a grandeza daquela mulher extraordinária, que, ao passar na rua, parecia um pássaro voejando tranquilo e sereno, tão sereno como é a sua poesia.
 
Não foi em vão que a Índia a atraiu com o seu mistério, com a sua magia, com a sua remotidão. Através daquela simpatia, era a sua ânsia de comunicação com todos os seres, para levar-lhes a sua fé, a sua bênção, a sua ternura humana.
 
Esta casa é um monumento a sua glória, glória dessa terra carioca, de que ela era tão representativa, pela graça e leveza de sua figura e de seu espírito.
 
Bem haja, pois, o Governo do Estado da Guanabara, que compreende o seu papel nesta terra e ensina a cultuar a sua memória.
 
Um poeta não morre. Passa para dentro de todos nós. Torna-se nossa carne e nosso espírito"


(Discurso de saudação, pronunciado na ocasião da criação da Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. É um texto poético sobre uma de nossas maiores poetisas: Cecília Meireles).

* Professor, ensaísta e crítico literário, membro da Academia Brasileira de Letras.



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