terça-feira, 31 de outubro de 2017

Continho

* Por Evelyne Furtado

Desceu, Alice, a ribanceira às cegas. Olhos vendados, frio na barriga e escoriações que lhe doeram muito além da pele.

Acordou de súbito de sonho pesado. Revirou na cama e nas ideias de Freud. Salva foi por raízes de afeto. Repousou em leito de versos. Adoçou como pôde o remédio.

Confortou-se na luz beirando a janela.

Hoje segue pé ante pé rente à calçada e lembra dia sim, dia não, com saudade, das nuvens que lhe substituíam o chão.


* Poetisa, cronista e psicóloga de Natal/RN.

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