O acaso e o destino
* Por
Marcos Alves
Na minha casa tem um pé de
mexerica que quase morreu por causa de uma fogueira mal feita. Metade
do tronco foi arrancada depois de raspado o carvão que restou das
chamas; a outra sobreviveu. Desde então os frutos só aparecem do
lado bom da árvore. No outro nem copa existe mais; os galhos não
crescem na direção da parte morta.
Não sei se existe alguma
técnica que resolva esse tipo de problema, um enxerto talvez....mas
o caso da árvore me lembra esses casos em que de repente todo um
processo, um ciclo importante é interrompido de forma traumática,
violenta. A natureza nem sempre se regenera, mas dificilmente
desiste.
Resiste, ainda que de forma
sofrida, heróica. E isso a torna ainda mais admirável. Fico a
pensar no que sabemos e no que ainda precisamos saber para viver bem
nesse mundo. E acho que é meio estúpido pensar nisso, mas
definitivamente o ser humano ainda tem muito a melhorar – e é
impossível saber a que ponto vai chegar – mas os prognósticos não
são confiáveis.
A gente anda por aí e tudo
pode acontecer. Em São Paulo não teve a cratera? No Rio, além da
administração ruim também tem a criminalidade que não é
fácil...em outras regiões há problemas de estrutura,
inundações...e a criminalidade também assusta no interior.
Nada acontece de forma
isolada, diz a Teoria do Caos. E o que acontece aqui reverbera acolá,
mais dia menos dia, de uma forma ou de outra. Nem sei bem por que
enveredei por esse pensamento.
Acho que é porque ainda estou
de férias e meio tomado pelo ar do interior. E me ocorreu a idéia
da árvore... depois a cratera de SP; e de como tudo pode mudar se
algo acontece fora do esperado, do planejado. Essa sensação
contemporânea de que tudo pode estar mesmo por um triz. Basta um
telefonema...
Mal chego em casa, depois da
curta viagem de férias e ligo para um amigo – com quem fui e
voltaria junto com meu filho, no mesmo carro. Desisti de vir com ele
por saber que haveria pouco espaço no carro; seria desconfortável,
especialmente para o meu menino.
Comprei duas passagens e
fizemos a viagem de ônibus. O amigo me diz que bateu o carro depois
de rodar na pista por causa da chuva. Bateu na proteção central e
rodou. Ele e a esposa escaparam, felizmente; com algumas dores e sem
ferimentos graves, mas estão bastante assustados. Eu ainda estou
agradecendo a Deus pela escolha.
-
Marcos Alves é jornalista e diretor de vídeos.
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