Digite
a senha da senha da senha
* Por
Marcelo Sguassábia
Você
precisa de uma senha para o computador. Você precisa de uma senha
para o celular. Outra para o(s) e-mail(s). Outra para o Facebook.
Outra para o Instagram. Outra para o Twitter. Outra para o seu banco.
Outra para a internet do banco. Outra para o aplicativo de celular do
banco. Outra para o cartão de débito e crédito do banco. Todas
diferentes umas das outras e preferencialmente trocadas a cada três
meses. E todas têm de ser improváveis, nem um pouco óbvias. As
chamadas “senhas fortes”.
 Porém,
 ó santos nerds com óculos de fundo de garrafa, o mundo é
 inconsequente e não funciona desse jeito. Quase todos têm só uma
 senha, de segurança duvidosa, para todos os sistemas e não
 substituída há anos. A chance de um hacker descobri-la e arrombar
 toda a sua vida com alguns batuques no teclado é tão grande quanto
 a quantidade de senhas com a sequência 1-2-3-4-5-6.
 É
 consenso no mundo da segurança da informação o fato de que as
 empresas produtoras de antivírus contratam hackers para criar vírus
 e posteriormente suas vacinas, para perpetuar o ciclo de ameaça e
 proteção. O vírus é criado, espalhado, a imprensa se encarrega
 de fazer o alarde mundial e enquanto isso, nos headquarters do Vale
 do Silício, a vacina já está pronta para integrar o pacote da
 versão 22.4 do mega-ultra-master-magic-
 Você
 descobre a redentora salvação nos Apps gerenciadores de senhas.
 Com uma senha-mestra, que abre o aplicativo, ele gera
 instantaneamente centenas de senhas insuspeitas, de combinações
 improváveis, uma para cada serviço em que uma senha é exigida do
 usuário. Troca automaticamente, a cada três meses ou a intervalos
 menores, todas as senhas, alfanuméricas ou não, com o número de
 dígitos que você determinar. Ao acessar o serviço o programa
 completa a senha, que na verdade nem você sabe qual é.
 Aí
 aparece um hacker que desenvolveu um vírus que desvenda a
 senha-mestra, o “Abre-te Sésamo” para tudo que você acreditava
 que estivesse absolutamente seguro. A coisa é tão verdadeira que o
 vírus já foi batizado, um cavalo de troia chamado “Citadel”.
 Esqueça
 o gerenciador de senha. E nem pense em escrever as senhas em um
 arquivo comum de processador de texto, pois ele também é um
 arquivo e, portanto, exposto a ataques. Você tem que escrever as
 senhas no papel. Guardar o papel em lugar superseguro. Ir trocando
 as senhas a cada noventa dias. Riscar com a caneta e escrever a nova
 combinação por cima. Até encher a folha de rabiscos
 ininteligíveis e transpor tudo periodicamente para uma folha nova e
 cada vez maior, pois quanto mais o tempo passa, de mais serviços
 online você se torna escravo e mais senhas exclusivas precisará
 inventar.
 A
 única solução 100% segura é memorizar, e pode colocar aí uns 3
 meses para guardar tudo na cabeça. Só que, depois de três meses,
 já sabe: é hora de trocar as senhas.
* Marcelo Sguassábia é redator publicitário. Blogs: WWW.consoantesreticentes.blogspot.com (Crônicas e Contos) e WWW.letraeme.blogspot.com (portfólio).
 



 
Bom inventar senha contemplando os sinas @ # $ % & *, tudo misturado com letras e números, mas daí descubro que é inútil.
ResponderExcluir