terça-feira, 11 de agosto de 2015

Alecrim e açucenas


* Por Carmo Vasconcelos


Varro do velho roseiral as folhas mortas,
Fétido odor a poluir o meu jardim,
Ervas daninhas corto rentes pelas portas,
E eis que preparo novo chão só de alecrim!

Renego encantos de paisagens cor-de-rosa,
E o verde não mentirá mais aos meus sentidos,
- Cores cambiantes de ilusão vertiginosa,
Fatal cegueira para amores destemidos!

Colcha-alecrim há-de cobrir os meus domínios,
Fundas olheiras vestirão seu tom na dor
Da cor violácea de traições e de abomínios!

Sejam as lágrimas sementes de açucenas,
Níveas vestais a matizar roxo torpor,
Manto de arminho a acalentar as minhas penas!


* Poetisa portuguesa

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