Herança
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
A quem interessar possa,
não tenho bens a declarar,
não lhes causarei fadiga
nem discussões intermináveis.
Talvez os deixe decepcionados,
o poeta não tem dinheiro
e às vezes nem serventia.
Dêem adeus ao meu jardim
por mim, peçam-lhe por favor
a última florada,
ao bem-te-vi alheio à
minha partida, deixem que
espalhe meus segredos.
Permitam à pequena
viuvinha ciscar no meu
quintal.
digam às aranhas
que eu tinha inveja
delas, tão pequenas
e cheias de ardil.
Para vocês que ficam,
permito algumas lágrimas
e se não for pedir muito,
suspirem pela poesia
que encerro comigo
diante de um passo
para a eternidade.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
Maravilhoso! Adorei essa peça perfeita de sutileza e doçura. Aposto que Pedro adorou também. Show!
ResponderExcluir