terça-feira, 30 de março de 2010




Curitiba é como calvície

* Por Manolo Ramires

Dizem que Curitiba é pequena. Do tamanho de um chapéu. Que nela é difícil se esconder. Pior para quem deseja aprontar ou sacanear alguém. Com certeza você será pego, visto/flagrado/denunciado/confrontado. Sempre levei a sério essa informação. A considerei de cara quando me mudei pra cá. Respeito ela muito mais após longos anos de vivência, de encontros e desencontros.

curitiba não é tão grande. Suas abas são curtas. E nem a comparo com São Paulo, onde um morador de Perdizes, lá da Rua Turiaçu, jamais será encontrado na Radial Leste, ou um frequentador da Oscar Freire será flagrado com facilidade na 25 de Março. Tampouco comparo Curitiba a cidades pequenas como Ventania, com sua rua principal, e olhe lá. Mas Curitiba segue com seu tamanho reduzido. Encolhida porque as suas rotas de fuga sempre levam aos mesmos lugares. Essa é sua grande peculiaridade. Suas fugas são veredas.

Então, se não dá pra se esconder, melhor é se mostrar. Não dando a tocata, sugiro a sonata. Aí Curitiba é o máximo. Ela possui lugares ideais pra ser visto em lazer (Barigui), em festa (Avenida do Batel), em consumo (Shopping), em intelectualismo (Teatro Guaíra, Tetro Positivo e MON), entre outros. Basta escolher o figurino e deixar-se ser desvendado. E foi o que eu testei.

Aproveitei o domingo. Deixe-me flagrar com um novo chapéu Panamá estilo Tom Jobim. Abas longas. Fui lá na praça de alimentação do Mercado Municipal. Pimba!, uma pequena volta e fui surpreendido. Um amigo veio ao meu encontro e sentenciou: “Tá usando chapéu pra esconder a careca”. Putz, não era isso que gostaria de ouvir.

Esperava elogios ao aspecto Bossa Nova e curiosidade sobre as cachaças que comprara. Mineiras, paranaenses, cariocas? Mas o amigo viu o que estava camuflado. Desvendou-me. Me sacaneou: “´Tá escondendo a careca”! E, após conselhos sobre filtro solar e penteados simuladores, partiu a me exibir a bela família que se construíra. Ele sim sabia se expor. Afinal, ele é político...

É, dizem que Curitiba e minha calvície cabem num chapéu. E que a última é impossível esconder.

* Cronista de Curitiba/PR

2 comentários:

  1. Cidades pequenas ou não.
    Coloridas ou cinzentas dependendo
    da estação.
    Cidades que acolhem, confortam e
    para onde onde podemos sempre retornar.
    Abraços

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  2. Cidades pequenas são como nomes raros. Não dá para se esconder. Gostaria muito de conhecer Curitiba.

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