
*Por Fábio de Lima
Caneta entre os dedos
Óculos pendurados à cabeça
Cabelos revoltos e já sem brilho
Toca o telefone e não vou atender
O livro Gomorra ainda está marcado na página 66
Agora já estão batendo palmas em meu portão
A TV ligada mostra chuva no outro lado do mundo
Faz sol em meu quintal e nem sombra de meu cachorro
Meus remédios sobre a escrivaninha estão a me observar
Preciso cortar as unhas dos pés
Esqueci de riscar o dia de ontem no calendário
Sonhei com a mulher amada essa noite
Coloco uma vírgula nos meus sentimentos
Estou com a garganta seca pedindo água
Não culpo meu vizinho de meus erros
Olho no relógio
Escorre uma gota de suor em meu pescoço
Se meu quarto estivesse claro seria melhor
Estou com fome
Lá da rua vem um som de motor de carro
O chato que batia palmas desistiu
Vou colocar um ponto final em meus pensamentos
Meu sono anuncia a hora de dormir
A luz do dia não quer iluminar meu peito
Vozes, gritos, choros
Observo todos a me observarem
Adeus, Adeus e Adeus
* Jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.
Caneta entre os dedos
Óculos pendurados à cabeça
Cabelos revoltos e já sem brilho
Toca o telefone e não vou atender
O livro Gomorra ainda está marcado na página 66
Agora já estão batendo palmas em meu portão
A TV ligada mostra chuva no outro lado do mundo
Faz sol em meu quintal e nem sombra de meu cachorro
Meus remédios sobre a escrivaninha estão a me observar
Preciso cortar as unhas dos pés
Esqueci de riscar o dia de ontem no calendário
Sonhei com a mulher amada essa noite
Coloco uma vírgula nos meus sentimentos
Estou com a garganta seca pedindo água
Não culpo meu vizinho de meus erros
Olho no relógio
Escorre uma gota de suor em meu pescoço
Se meu quarto estivesse claro seria melhor
Estou com fome
Lá da rua vem um som de motor de carro
O chato que batia palmas desistiu
Vou colocar um ponto final em meus pensamentos
Meu sono anuncia a hora de dormir
A luz do dia não quer iluminar meu peito
Vozes, gritos, choros
Observo todos a me observarem
Adeus, Adeus e Adeus
* Jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.
Fabio, como já disse, não temo a morte. Acho que ela e apenas uma viagem para o outro lado. É natural. A única coisa certa da VIDA. Chato é para quem fica remoendo saudades. Mas para muitos a morte é uma libertação.
ResponderExcluirPorém , enquanto estivermos na terra, de passagem, devemos VIVER e BEM.
Beijos com sabor de vida !
Interessante e comovente inventário dos minutos derradeiros, da velhice e das limitações impingidas por ela. Bela maneira de introduzir-se no sono eterno, onde nada mais importa, muito menos o bater palmas de um intruso. Capturo: "O sol brilha e nem sombra do meu cachorro". Belo pelo humor e sutileza que desaponta, não o leitor, mas o quase ex-vivente.
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