terça-feira, 21 de abril de 2009




Revisão (o fim da mecanografia)

* Por Samuel C. Costa

Vou revisar meus textos
E desafiar a gramática
Ignorar as normas
Exilar-me no meio do nada
Viver no vazio
Render-me ao consumismo instantâneo
Cultuar heróis fabricados.

Eia!
Quero dar ‘’um viva’’ à comunicação de massa
Vou invadir o mundo pagão
Devorar suas reservas naturais
Nutrir meu ódio
E banhar com ouro negro.

Dar ‘’um viva’’ à pirataria pós-moderna.
Eia tempos pós-modernos!. ..
Viva a mecanografia
dos tempos modernos!!!
Eia às armas de destruição de massa
Sobras da loucura do século passado...
Sobras escondidas que ninguém...
encontrou!

Sombras da tecnocracia que mata
Hipi!
Hipi hurra!
Vou me esconder nas matas
Armar-me...
E reverenciar os deuses antigos,
Mortos-vivos a caminhar pela relva.

Vou ficar na frente da TV
E ver o impensável:
golpes de marketing
engendrados nos laboratórios
dos comunicólogos
Bruxos modernos.
Neo-alquimistas cibernéticos
Que fazem a mentira virar verdade
Que fazem o branco virar negro
E o negro virar branco.

Eita!
Não vou me formar...
E vender coisas que não existem
Produtos virtuais
Ferramentas pós-modernas
Já nascidas ultrapassadas.

Eia, eia, oh
Vou-me micro-processar
Vou prostibular minha imagem
Peregrinar pelo ciberespaço. ..
E pôr à venda
aquilo que não tenho
Expor aquilo que não sou...

Eia, eia, oh
Vidas pós-modernas
Movidas a doces que matam...
De festas embaladas a drogas sintéticas
Massa dissoluta a fritar neurônios
Deuses bacantes da pós-modernidade.

Vou assistir a processos burocráticos. ..
Que não dão em nada
Processos digitalizados
Que vão dar o vazio
Vou ver audiências públicas
Falatório dos demagogos...
Arenas de embates
Circo de hoje.
Televisiono. ..
Palcos do nada.

Eia, eia
Telegrafia sem fio
Cabos de fibra óptica postados...
Em alto mar
Rios de informação...
A se perder nas inutilidades diárias...
Blogosfera aonde reinam coisas inúteis...
Bobagens digitalizadas
a se amontoar no vazio.

Viva a comunicação via-satélite
Espaço cibernético
Viva os diários públicos
que ninguém lê!
Hipi! Hipi hurra!
Viva aos cartões de memórias
À telefonia móvel
Rede viva de coisas inúteis
Consumismo vazio
De objetos da moda
Caros
Que nada valem
Estampadas nas revistas de moda
Grifes
Marcas
Modelos vivos
Peças ocas da produção em massa
De toda a produção em larga escala
A consumir o Planeta.

Eia, eia, oh
Pirataria terceiromundista
Trabalho escravo
Hipi! Hipi hurra!
Viva o Fordismo de hoje
Viva o Toyotismo de amanhã
Viva toda a onda globalizante. ..
A esmagar culturas
A super-aquecer o globo.

Eia, eia, oh
Toda a sociedade
Interligada
Massa humana
A caminhar por ai
Mundo globalizado
Interligado e dividido

Eia, eia, oh,
Viva a crise financeira mundial
A derrubar governos.

Eia, eia, oh,
Vou socorres os bancos...
E hastear a bandeira
Up a July Roger
Uma garrafa de rum
Under a July Roger

Eita! Eita!
Geração modernista
Caricaturas massificadas
Que nada valem
Viva o pós-modernismo
Viva as promessas dos políticos
Que nada valem.

Eia, eia, oh,
Das doenças infectos contagiosas
A traçar o continente negro
A devorar os guetos das metrópoles
Vidas pós-modernas

Eia megalópoles
Viva os intercâmbios criminosos.. .
Cartéis globalizados
Crimes mundializados
Viva os sigilos bancários
De fraudes...
De orçamentos super-faturados
Manipulados.

Eia DNA
Eia ciência que floresce
Eia ciência que mata
Eia ciência que cura
Massa humana...
Scum a cruzar fronteiras
Ruínas vivas
Sem nome
Sem passado
E sem futuro
Farrapos dos novos tempos
Vítimas das loucuras modernas
Das verdades que matam
Dos foguetes teleguiados
E tanques
A cruzar fronteiras
Toda a cultura imposta
Artificial
Atemporal.

Viva a mecanografia
De hoje
Do ontem
E do amanhã!

* Poeta em Itajaí/SC

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