segunda-feira, 27 de abril de 2009


Escolas literárias

Há muito aspirante a escritor (e até escritor experiente e rodado) preocupado em escrever de acordo com as normas que definem determinada escola literária, notadamente o Modernismo e suas diversas vertentes. Bobagem.
Um bom texto literário requer, sobretudo, absoluta liberdade, quer temática, quer de forma de expressão. Claro que é uma heresia redigir o que quer que seja eivado de erros – de grafia, concordância, regência ou qualquer outra agressão às normas gramaticais. Essa liberdade é a única que um escritor não tem. É a transgressão das transgressões que qualquer redator possa vir a cometer. Afinal, quem produz literatura sempre foi, é e deve ser “ad pertua” o guardião do idioma. Tem que protegê-lo e mantê-lo íntegro e saudável, sejam quais forem as circunstâncias.
O que impede, por exemplo, um determinado poeta de hoje de escrever versos rimados, metrificados e com ritmo, como faziam os parnasianos? “Ah! Isso é antiguidade!”, dirão alguns mal-informados ou que não são do ramo, mas acham que são. É coisa nenhuma! Se o tema assim exigir, não haverá problema algum em redigir seu poema utilizando esse padrão de produção. Ou por que não se pode escrever um conto com todos os ingredientes naturalistas? Por não ser moderno? Ora, ora, ora...
Escola literária é, pois, coisa para críticos e estudantes de literatura. Não deve nunca preocupar o escritor. A ele compete, somente, comunicar um pensamento, sentimento, fato ou criação ficcional de maneira clara, verossímil, correta e atraente. Não pode contrariar seu estilo (ou sequer não ter nenhum) ansioso por uma pretensa “modernidade” que, em questão de dias, tende a se tornar “antiguidade”.
Carlos Drummond de Andrade acentua, em um magnífico poema, que se inclui entre os melhores que escreveu e os mais originais e verdadeiros da literatura universal, que prefere buscar ser “eterno” através dos seus textos a ser simplesmente “moderno”. Portanto, caro aspirante a escritor, escreva como melhor lhe aprouver. Mas sempre respeitando a pureza e a correção do idioma. E jamais não permita que nada e ninguém engessem sua criatividade. O leitor, certamente, lhe agradecerá e o premiará com a sua fidelidade.

Boa leitura!

O Editor.

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