domingo, 26 de abril de 2009


Crítico literário

O crítico literário é uma das figuras mais controvertidas do mundo editorial. Temido por uns, odiado por outros, sua atividade é cercada de inegável desinformação, não apenas por parte do público, como também dos principais agentes dessa nobre atividade intelectual, o que gera preconceito. Quando se trata de alguém de prestígio, com espaço em algum jornal ou revista de grande circulação, tem o poder de consagrar ou de destruir uma obra e, por conseqüência, um escritor.
Como em todas as profissões, todavia, há os que exercem sua função com responsabilidade e competência e há os relapsos, os irresponsáveis e os que assumem a postura de árbitros do bom-gosto, sem que tenham cultura e preparo para tanto.
A crítica literária, embora muitos não concordem, é, sim, um gênero da Literatura, e dos mais complexos. Tem regras, cânones e critérios. O intelectual, para exercer essa função, precisa contar, sobretudo, com formação acadêmica, além, é claro, de ser culto, bem-informado e ter aguçado senso estético.
Em várias redações de jornal, país afora, contudo, há muito jornalista, que não é preparado para o exercício da crítica literária (às vezes nem mesmo para o jornalismo), prestando enorme desserviço aos escritores e, sobretudo, à Literatura.
São os que elaboram sinopses de obras, que custaram anos de pesquisa e de trabalho ao seu autor, lendo, apenas, a “orelha” do livro (se tanto) ou uma ou outra página ao acaso. Com base nisso, tecem críticas, na maior parte das vezes sem nenhum fundamento, dando conotações negativas, não raro baseados somente no título do volume que dão a entender que leram (sem que de fato leiam) e, com isso, interferem negativamente na venda de bons romances, de contos criativos e bem-urdidos, de poemas originais e bem-trabalhados e vai por aí afora.
São esses pseudocríticos que destroem o prestígio de “todos” os que atuam nessa função. “Isso é injusto”, dirá o leitor. De fato é. Isso ocorre, todavia, dado o fartamente disseminado hábito – nada saudável e nada inteligente, mas existente de fato – das generalizações. Da mesma forma que há maus médicos, maus jornalistas, maus advogados e maus escritores, há os maus críticos. E muitos sequer o são de verdade, embora posem como tal.
Um dos nossos projetos futuros, aqui no Literário, é o de contar com um especialista desse gênero entre nossos colunistas. Todavia, esteja certo o leitor, este, quando for convidado, será alguém talentoso, honesto, culto, bem-informado e expert de fato em literatura. Será um ávido e arguto “devorador” de livros e não mero leitor de “orelhas”. Essa é uma necessidade que todo o espaço com as características do nosso precisa satisfazer. E nós a satisfaremos!

Boa leitura.

O Editor.

2 comentários:

  1. Leiga no tema da crítica, entrei em rota de colisão com uma amiga, poeta Lêda Selma, de Goiânia, letrada e muito talentosa, porque segundo ela, o crítico sabe tanto que não é entendido por ninguém. Então tá. O gênio só pode ser entendido por outro que não seja feito ele. Para quem escreve tal criatura? A sua descrição sobre esse profissional, Pedro, veio sanar-me as dúvidas. É preciso ser pessoa de inegável senso estético e inesgotável saber. Desejo que encontre esse alguém e que os escritores sintam-se estimulados para aprimorar as suas técnicas e com isso ampliar seus dons.

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  2. Errata: O gênio só pode ser entendido por outro que seja feito ele.

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