terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Estrada em construção


O sucesso pode ser comparado a uma estrada em permanente processo de construção em um terreno acidentado. Não se trata, pois, de rodovia absolutamente reta, que seria fácil de construir. Às vezes, precisa contornar obstáculos virtualmente irremovíveis, mediante curvas, o que a torna mais extensa. Outras tantas, desemboca em pântanos, que precisam ser drenados e aterrados. Há ocasiões em que se requer a construção de pontes e viadutos, para atravessar rios ou abismos intransponíveis. Não raro, se impõe que se façam túneis, em montanhas que não apresentem possibilidades de desvios em curvas. Há, pois, que se superar obstáculos, obstáculos e obstáculos, muitos e incontáveis obstáculos para a construção dessa rodovia sem-fim.

Ao contrário do que muita gente pensa, o sucesso não é uma meta, um alvo, um fim, um objetivo a ser alcançado. É o “caminho” para que isso ocorra. O fracasso, por seu turno, vem a ser a desistência da superação dos obstáculos que permita a continuidade da construção dessa estrada. É o desânimo, o temor, a indolência, a falta de amor próprio e de imaginação para se buscar (e encontrar) soluções.

O psicólogo norte-americano A. Robbins, que foi conselheiro pessoal do ex-presidente Bill Clinton, definiu da seguinte forma esse conceito sumamente subjetivo e abstrato: “Sucesso é o processo contínuo de esforço para tornar-se maior. É a oportunidade de continuar crescendo emocional, social, espiritual, fisiológica, intelectual e financeiramente, enquanto se contribui de uma forma positiva para os outros”.

Entre as tarefas tácitas, implícitas que recebemos ao nascer, a mais importante, da qual jamais podemos abrir mão, é a da construção de um homem, no sentido mais grandioso e absoluto: biológico, emocional, social, intelectual etc. Não me refiro a filhos. Não se trata, também, de construir nenhuma Galateia, como se fôssemos poderosos Pigmaliões. O homem que temos que construir somos nós mesmos. Podemos arregimentar aliados, é verdade, mas a tarefa é nossa, pessoal, individual e intransferível.

Compete-nos extrair, do âmago do nosso ser, o máximo da imensa força de que a natureza nos dotou, cujo alcance e intensidade sequer conhecemos. Só os descobrimos quando precisamos dela. O esforço tem que ser sem tréguas para nos tornarmos maiores e melhores a cada dia, a cada hora, a cada minuto caso seja possível, por mais tênue e imperceptível que venha a ser esse avanço.

Nem sempre (ou quase nunca) essa progressão será simultânea em todas as direções. Se puder ser, tanto melhor. Ora, poderemos progredir no terreno emocional, ora no afetivo, ora no espiritual, ora no fisiológico, ora no biológico (com o fortalecimento do nosso corpo), ora no social, e assim por diante. O importante é não deter, jamais, essa evolução. É caminhar, sempre e sempre, para frente, a despeito de tudo e de todos.

Difícil? Sem dúvida! Mas nunca podemos perder de vista o fato de que estamos construindo um “homem vencedor”: nós mesmos! O fracasso, portanto, será fatal, embora não seja (às vezes é) irreversível, posto que, enquanto houver vida, sempre teremos chances de consertar erros, recobrar forças, concertar alianças e tornar a avançar.

Meu pai costumava dizer, sempre que eu o desobedecia ou que deixava de seguir algum de seus conselhos, nitidamente lógico, sensato e construtivo: “Lembre-se que só você vai dormir na cama que arrumar”. Ou seja, que as consequências dos meus atos seriam arcadas por mim, apenas por mim, e por mais ninguém.

A estrada do sucesso, porém, nunca fica acabada. Sempre haverá montanhas a contornar, túneis a perfurar, pontes e viadutos a construir, pântanos a drenar e a aterrar. Nós é que acabamos antes dela. Se nos tornamos, de fato, pessoas melhores e maiores, se nossa evolução foi ou não suficiente para que nos considerem bem-sucedidos e dignos de imitação, jamais saberemos. Pouco importa.

Caso contrário, ou seja, se fracassarmos, ninguém precisará nos comunicar. Saberemos de antemão e no momento exato em que nos recusarmos a continuar construindo (já nem digo pavimentando) a nossa estrada. Poderemos, por exemplo, não ter a visão óbvia de que determinadas montanhas não comportam túneis e que, embora se prolongue o percurso, o mais sensato seria as contornar. Ou achar que não temos recursos para construir indispensáveis pontes que liguem os dois extremos de um abismo ou as duas margens de um rio. Ou entender que é trabalhoso em demasia drenar e aterrar pântanos.

Os motivos (ou pretextos) dos fracassos são inúmeros, incontáveis e ninguém vai querer saber se tínhamos ou não razão para desistir e bater em retirada, com “o rabo entre as pernas”. É como se diz nos quartéis: “aos perdedores, as batatas”. Ou seja, lhes são determinadas, sempre, as tarefas mais comezinhas, humilhantes e banais, já que as gloriosas e exemplares são destinadas aos que têm ganas de vencer. Na vida, também é assim.


Boa leitura!

O Editor.



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