Estrada em construção
O
sucesso pode ser comparado a uma estrada em permanente processo de
construção em um terreno acidentado. Não se trata, pois, de
rodovia absolutamente reta, que seria fácil de construir. Às vezes,
precisa contornar obstáculos virtualmente irremovíveis, mediante
curvas, o que a torna mais extensa. Outras tantas, desemboca em
pântanos, que precisam ser drenados e aterrados. Há ocasiões em
que se requer a construção de pontes e viadutos, para atravessar
rios ou abismos intransponíveis. Não raro, se impõe que se façam
túneis, em montanhas que não apresentem possibilidades de desvios
em curvas. Há, pois, que se superar obstáculos, obstáculos e
obstáculos, muitos e incontáveis obstáculos para a construção
dessa rodovia sem-fim.
Ao
contrário do que muita gente pensa, o sucesso não é uma meta, um
alvo, um fim, um objetivo a ser alcançado. É o “caminho” para
que isso ocorra. O fracasso, por seu turno, vem a ser a desistência
da superação dos obstáculos que permita a continuidade da
construção dessa estrada. É o desânimo, o temor, a indolência, a
falta de amor próprio e de imaginação para se buscar (e encontrar)
soluções.
O
psicólogo norte-americano A. Robbins, que foi conselheiro pessoal do
ex-presidente Bill Clinton, definiu da seguinte forma esse conceito
sumamente subjetivo e abstrato: “Sucesso é o processo contínuo de
esforço para tornar-se maior. É a oportunidade de continuar
crescendo emocional, social, espiritual, fisiológica, intelectual e
financeiramente, enquanto se contribui de uma forma positiva para os
outros”.
Entre
as tarefas tácitas, implícitas que recebemos ao nascer, a mais
importante, da qual jamais podemos abrir mão, é a da construção
de um homem, no sentido mais grandioso e absoluto: biológico,
emocional, social, intelectual etc. Não me refiro a filhos. Não se
trata, também, de construir nenhuma Galateia, como se fôssemos
poderosos Pigmaliões. O homem que temos que construir somos nós
mesmos. Podemos arregimentar aliados, é verdade, mas a tarefa é
nossa, pessoal, individual e intransferível.
Compete-nos
extrair, do âmago do nosso ser, o máximo da imensa força de que a
natureza nos dotou, cujo alcance e intensidade sequer conhecemos. Só
os descobrimos quando precisamos dela. O esforço tem que ser sem
tréguas para nos tornarmos maiores e melhores a cada dia, a cada
hora, a cada minuto caso seja possível, por mais tênue e
imperceptível que venha a ser esse avanço.
Nem
sempre (ou quase nunca) essa progressão será simultânea em todas
as direções. Se puder ser, tanto melhor. Ora, poderemos progredir
no terreno emocional, ora no afetivo, ora no espiritual, ora no
fisiológico, ora no biológico (com o fortalecimento do nosso
corpo), ora no social, e assim por diante. O importante é não
deter, jamais, essa evolução. É caminhar, sempre e sempre, para
frente, a despeito de tudo e de todos.
Difícil?
Sem dúvida! Mas nunca podemos perder de vista o fato de que estamos
construindo um “homem vencedor”: nós mesmos! O fracasso,
portanto, será fatal, embora não seja (às vezes é) irreversível,
posto que, enquanto houver vida, sempre teremos chances de consertar
erros, recobrar forças, concertar alianças e tornar a avançar.
Meu
pai costumava dizer, sempre que eu o desobedecia ou que deixava de
seguir algum de seus conselhos, nitidamente lógico, sensato e
construtivo: “Lembre-se que só você vai dormir na cama que
arrumar”. Ou seja, que as consequências dos meus atos seriam
arcadas por mim, apenas por mim, e por mais ninguém.
A
estrada do sucesso, porém, nunca fica acabada. Sempre haverá
montanhas a contornar, túneis a perfurar, pontes e viadutos a
construir, pântanos a drenar e a aterrar. Nós é que acabamos
antes dela. Se nos tornamos, de fato, pessoas melhores e maiores, se
nossa evolução foi ou não suficiente para que nos considerem
bem-sucedidos e dignos de imitação, jamais saberemos. Pouco
importa.
Caso
contrário, ou seja, se fracassarmos, ninguém precisará nos
comunicar. Saberemos de antemão e no momento exato em que nos
recusarmos a continuar construindo (já nem digo pavimentando) a
nossa estrada. Poderemos, por exemplo, não ter a visão óbvia de
que determinadas montanhas não comportam túneis e que, embora se
prolongue o percurso, o mais sensato seria as contornar. Ou achar que
não temos recursos para construir indispensáveis pontes que liguem
os dois extremos de um abismo ou as duas margens de um rio. Ou
entender que é trabalhoso em demasia drenar e aterrar pântanos.
Os
motivos (ou pretextos) dos fracassos são inúmeros, incontáveis e
ninguém vai querer saber se tínhamos ou não razão para desistir e
bater em retirada, com “o rabo entre as pernas”. É como se diz
nos quartéis: “aos perdedores, as batatas”. Ou seja, lhes são
determinadas, sempre, as tarefas mais comezinhas, humilhantes e
banais, já que as gloriosas e exemplares são destinadas aos que têm
ganas de vencer. Na vida, também é assim.
Boa
leitura!
O
Editor.
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