terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Encontro marcado


* Por Pedro Nicácio


Ao afrouxar a gravata
e descer as escadas
do ministério,
ansiava o aguardasse
quem lhe penetrara a carne,
plantando uma flor
no pálido Planalto,
imersa em ar condicionado.
Onde andaria,
por que plagas desfilava
sua solta beleza domingueira?
Tê-lo-ia sorvido o mar,
reclamando-lhe a desfaçatez
de hipocampo?
Ou iniciara um amor romântico
sem os complicados segredos
da democracia absoluta?
Pressuroso,
com a alma trêmula,
recompôs a gravata,
ajeitou o cabelo
desalinhado pelo vento
e tomou a negra
limusine para a mansão.
Seu conforto traduzia
A manhã seguinte
numa Alvorada
de papéis a carimbar,
prolações de sentenças
de morte
contra o desejo,
restaurações
burocráticas
da crise econômica.



* Poeta

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