segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Pólen


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral

Tempos bicudos
povoados de
nuvens cinza.
Lá embaixo
transeuntes
se esbarram,
se chocam a todo
momento, rostos
distorcidos pelo
véu do egoísmo,
pela insana correria
de um dia a dia
inútil que não
leva a lugar algum.
Tudo é festa,
tudo é ilusão.
O travesseiro aninha
A cabeça vazia
e o cobertor aquece
uma carcaça autômata.
Ninguém sonha.
Lá fora o poeta
arde na fogueira
de olhos fechados contritos.
Enquanto te comprazes
com o martírio
daquele que deposita
sonhos e acata
o frágil vôo
de uma reles
borboleta, a poesia
escapa pelas
brechas e poliniza.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. A sua poesia acaba sendo um fertilizante para as duras vidas. As deles e a minha.

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