Quem não divulga se esconde
O ano de 2014 foi, para mim, dos mais
gratificantes. Não o esquecerei jamais enquanto viver. É verdade que não fiquei
rico nos 365 dias recém-findos (a não ser de idéias e de sonhos). Até tentei
dar uma “ajudazinha” ao acaso, fazendo uma aposta na megassena da virada, assim
como milhões de brasileiros fizeram. Das seis dezenas que escolhi e assinalei
no volante, todavia, consegui a façanha de não acertar, a rigor, nenhuma. Vá
ser ruim de palpite assim na... Deixa pra lá! Não foi ainda desta vez que
garanti a independência financeira dos meus quatro filhos e dois netos.
Ademais, não me tornei famoso, a não
ser em meu restritíssimo círculo de conhecidos. Não conquistei nenhum prêmio
literário. Não fui alvo de nenhuma homenagem por minha atuação como redator,
sobretudo na internet, que me possibilita exibir meus textos para um público
potencialmente “infinito” (ou quase isso). “Então, por quais cargas d’água esse
sujeitinho meio estranho e vaidoso considera 2014 um ano tão gratificante se
tudo em sua vida se manteve como sempre foi?!”, deve estar vociferando aquele
leitor sumamente crítico e mordaz, perpetuamente mau-humorado, buscando defeitos
e pretextos para espinafrar qualquer um com que cisme, acrescentando à
interrogação uma infinidade de pontos de exclamação para dar maior ênfase à sua
impaciência.
Calma! Eu explico. Antes, observo que,
embora não pareça, detesto escrever sobre mim mesmo. Prefiro que outros o façam,
mesmo que seja para criticar o que sou (o que só é possível para quem me conhece
pessoalmente), ou o que faço, (o que amplia, em muito, o universo de meus
potenciais analistas). Ocorre que nem um e nem outro, há décadas, escreve reles
linha sobre mim. Não, pelo menos, nos meios de comunicação, incluindo, aí, a
internet, com seus blogs e sites. Já da minha parte, não me canso de escrever
sobre escritores do presente e do passado, famosos ou obscuros, brasileiros ou
de outras tantas partes do mundo. Já escrevi pelo menos 500 textos do tipo (e
provavelmente essa cifra está muitíssimo subestimada), sem jamais sequer
insinuar algo de negativo sobre suas pessoas ou suas obras. E isso me incomoda?
Estaria mentindo caso afirmasse que não. É questão de vaidade? Talvez, mas só
um pouquinho. O motivo é, sobretudo, prático: é de divulgação. Afinal, quem não
é divulgado (e não se divulga) se esconde. E escondido, não tem porque reclamar
de fracassos literários ou de qualquer outro tipo.
Ademais, volta e meia sou “cutucado”
por leitores para que escreva mais a meu respeito: onde nasci, o que gosto, o
que detesto, como foi minha infância, quais são minhas idéias e opiniões
etc.etc.etc. e vai por aí afora. Por isso, correndo o risco de parecer que
adoto o culto à personalidade (no caso, a minha) ou que adoro meu próprio
umbigo como se fosse uma divindade (o que está anos-luz de corresponder à
realidade), me arrisco e escrevo, volta e meia, textos que têm, como personagem,
sabem quem? A minha insignificante figura. Mas não expliquei ainda o motivo de
2014 haver sido, para mim, ano tão especial e gratificante. Afinal, não fiquei
rico, nem famoso e nem mesmo ganhei nenhum prêmio (como ocorria até
recentemente) e nem fui homenageado por
ninguém.
Ocorre que, finalmente, concluí mais um
livro, “Eros e Tanatos”, em que relaciono três dezenas de escritores, que
exaltaram com alma e entusiasmo a vida, mas que... cometeram suicídio, por
várias razões. Alguns o fizeram por descobrir que eram portadores de doenças
incuráveis, outros por desgosto amoroso, outros por não conseguirem se livrar
do álcool e das drogas, outros ainda num acesso de insânia. E os motivos são
bastante variáveis. Todos, contudo, deixaram que na “luta renhida entre Eros e
Tanatos, o segundo triunfasse. “Só isso?”, perguntará aquele leitor chato que
mencionei, já engatilhando uma crítica raivosa eivada de ironia. Bem, não é
pouco, mas não é só isso. Ampliei, também, meu livro de contos, “Passarela de
sonhos”, acrescentando cinco novas histórias. Querem mais? Fiz importantes
acréscimos ao livro “Copas ganhas e perdidas”, que pretendia ter publicado no
ano passado, mas que não o fiz, por não haver conseguido fechar acordo com nenhuma
editora. Ele ficou, agora, mais completo e atual, com as adições das
circunstâncias e decepções proporcionadas pelo Mundial sediado no Brasil, com
destaque, óbvio, para os 7 a 1 que a Alemanha nos infligiu.
Agora, são quinze os livros escritos e
acabados (eram dezoito, mas três eu abortei
definitivamente, destruindo os originais, por não satisfazerem o padrão de qualidade
que eu auto me impus) que vêm se juntar aos quatro que publiquei (“Quadros de
Natal”, “Por uma nova utopia”, “Cronos e Narciso” e “Lance fatal”, pela ordem).
Eles são os seguintes, em ordem alfabética: “A capital da esperança” (sobre os
escritores de Brasília), “Arte que resgata” (ensaios), “Baú de tesouros” (crônicas),
“Copas ganhas e perdidas” (autobiográfico), “Desafio da Esfinge” (crônicas), “Dimensões
infinitas” (ensaios), “Eros e Tanatos” (biografias), “Guerra dos sexos”
(ensaios), “Jornalismo é paixão” (artigos sobre jornalismo), “País da luz”
(crônicas), “Passarela de sonhos” (contos), “Planeta emoção” (crônicas), “Reflexões
para hoje e sempre” (reflexões diárias), “Selva de pedra” (crônicas) e “Sem
eira e nem beira” (contos). Ufa!!!
E por que trago tudo isso à baila, e
neste espaço em que deveria tratar exclusivamente de assuntos, digamos, mais
sérios referentes à Literatura? Um dos motivos é a esperança (remotíssima) de
interessar alguma editora, já que sei que muitos editores são meus seguidores
no Facebook, embora nenhum deles, em tempo algum, tenha mostrado o mais remoto
interesse em publicar qualquer dos meus livros. Outro é, quem sabe, despertar o
interesse de algum empresário, amante das artes e da literatura, para
patrocinar a publicação de alguma dessas obras, recorrendo à lei de incentivo à
cultura, que lhe garante abatimento no Imposto de Renda. Mas a principal razão
é, mesmo, a de satisfazer a curiosidade de dezenas e dezenas de leitores que me
solicitaram que escrevesse mais sobre mim e minhas atividades literárias.
Afinal de contas, divulgação é essencial e em qualquer atividade. E... quem não
divulga, se esconde. Esconder-me, asseguro-lhes, é a última coisa que já me
passou pela cabeça.
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Grande produção. Agora é acontecer. Isso é que espero que ocorra, Pedro.
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