sábado, 1 de maio de 2010


Recife das sorveterias

* Por José Calvino de Andrade Lima

As sorveterias do Recife, nos anos 50, eram bastante procuradas, sobretudo após as sessões dos cinemas São Luiz, Moderno, Art Palácio e Trianon. Infelizmente, os mesmos não mais funcionam. Nos feriados e aos domingos, além dos cinemas no centro da cidade, o pessoal tinha o costume de olhar as vitrines das principais lojas das ruas Nova, Imperatriz e Palma.

Segundo Mário Sette em seu livro “Arruar”, página 264: “No século passado as pastelarias e sorveterias vulgarizavam-se no Recife. Sobretudo o sorvete, deliciosa novidade da época, quando o gelo ainda vinha de fora. As famílias iam-se acostumando a tomá-lo, embora em salas especiais com toda a decência”.

A sorveteria mais conhecida e procurada era a Gemba, que pertencia ao japonês Heiji Gemba, e funcionava, inicialmente, na Praça Joaquim Nabuco, perto do Cinema Moderno. Em meados da década de 40, com a declaração de guerra do Brasil aos países do Eixo, a sorveteria foi maldosamente depredada, com grandes prejuízos para o japonês e para os outros comerciantes alemães e italianos, aqui estabelecidos, que não tinham nada a ver com a II Guerra Mundial (sic).

Na década de 50, a Gemba reabriu na Rua da Aurora, número 31, próxima ao Cinema São Luiz. Mas, já nos anos 60, com o início da decadência do movimento econômico-social da cidade, o então tradicional estabelecimento deixou de funcionar.

Outra sorveteria bem freqüentada era a Pérola, bem próxima, também, do então Cinema Moderno. Hoje com características diferentes funciona mais como bar, sob a direção de Hercolina Cortizo, filha do espanhol Soladino Cortizo Gonzaga.

“Deus uniu Dois Irmãos”, a frase inspirou os donos da Sorveteria Dudi, que funcionou durante os anos 50 ao lado da residência do Comandante da 7ª Região Militar, Parque 13 de Maio e da loja de Móveis que tinha representante no Nordeste das famosas camas “Patente”. Nos anos 60, a sorveteria deixou de funcionar.

A Sorveteria Botijinha funcionava na Rua Matias de Albuquerque, 146. Seu primeiro proprietário Carlos Pena, era pai do poeta Carlos Pena Filho. Foi um lugar frequentado por pessoas da elite recifense, isto é, até o início dos anos 60. Até recentemente, funcionava exclusivamente como bar, mas no ano passado, foi totalmente fechado, permanecendo ali o “Fiteiro Cultural”, que era seu vizinho de número 145.

* Formado em comunicações internacionais, escritor, teatrólogo, poeta, compositor, membro da União Brasileira de Escritores, UBE-PE e rei do Maracatu Barco Virado. Como escritor e poeta, tem trabalhos publicados nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Folha de Pernambuco e em vários sites. Tem 11 títulos publicados, todas edições esgotadas. Em 2007, integrou-se na Antologia (Poetas Independentes).

6 comentários:

  1. Engraçado...aqui no meu bairro tinha uma
    sorveteria muito boa que acabou virando point
    dos adolescentes. De vez em quando me dava ao luxo de ir lá. Uma pena, também acabou.
    Boas lembranças.
    Abração

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  2. Calvino, vc nos presenteia agora com "Recife das Sorveterias". Saudosas lembranças, a Sorveteria naquela época era ponto de referência... Após as sessões dos cinemas, o convite as sorveterias eram irrecusáveis.
    Abraços recifenses,

    Dilma Carras

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  3. Calvino,
    Interessante artigo sobre as sorveterias de outrora, marca de uma época de aproximação entre as pessoas, principalmente de namoradsos e intelectuais.
    Você nos faz voltar ao que hoje se converte em querida lembrança.
    Muito bom. Parabéns!
    Abraços. Paulo.

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  4. Obrigado por seus gentis comentários, Núbia, Dilma e Paulo.
    Bom domingo para todaos.
    Abração bem recifense do,
    José Calvino
    RecifeOlinda

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  5. A cada texto seu mais e mais me dá saudade do Recife. E as confeitarias, Calvino? Escreve sobre elas?
    Abraços

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  6. Obrigado, Li!
    As confeitarias e os cafés quase não tem história pra contar. Conheci a Confiança da Imperatriz... os cafés recifenses marcaram época e os que mais se destacavam: a Sertã,
    o Lafayette (Era a nossa Confeitaria Colombo- Rio de Janeiro), o Nicola, o Glória, na Rua Nova, onde João Pessoa foi assassinado, em 1930.
    Beijos

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