
Ainda sobre academias
Caríssimos amigos que prestigiam o Literário, boa tarde.
O leitor Carlito Rocha Pereira questiona-me sobre o editorial de ontem, a propósito de academias. Observa que eu talvez tenha cometido um equívoco ao falar da Academia Campinense de Letras. Pondera que, se a instituição é de Campinas, deveria chamar-se “Campineira”. “Campinense”, no seu entender, seria o nome correto se a academia em questão fosse da cidade de Campina Grande, na Paraíba.
Em tese, o leitor está certo. Mas na realidade... Carlito, você nem queira saber a confusão que esse nome deu, há mais de meio século, quando da fundação da referida instituição. O mesmo que você disse, os que se opuseram à denominação também disseram. Gerou-se uma polêmica azeda na imprensa local, entre partidários das duas denominações, cada qual tentando provar sua tese. E os que polemizavam entre si não eram cidadãos comuns, ou meros curiosos. Eram ilustres escritores e, sobretudo, professores, autores de gramáticas da língua portuguesa.
No final das contas, venceu a “refrega” o grupo que garantia que os dois patrônimos para as pessoas nascidas em Campinas (ou para instituições criadas na cidade) são corretos. Tanto pode ser “campineiro”, quanto “campinense”.
Carlito, você pode não acreditar, mas até um livro foi escrito para defender essa posição, que teve excelente venda na cidade, por sinal. Após lê-lo, convenci-me que o nome Academia Campinense de Letras, para a instituição sediada em Campinas, é correto. Mas não me peça para explicar o porquê, pois eu não saberia dar essa explicação.
De qualquer forma, a polêmica foi magnífica jogada de marketing, embora na ocasião ninguém tivesse a mínima noção dessa disciplina ligada à propaganda e publicidade. O nome da então nova academia de letras freqüentou por quase um ano as páginas dos dois principais jornais de Campinas, que estão entre os melhores do País (o Correio Popular, por exemplo, é o 16° que mais fatura no Brasil, de acordo com dados confiáveis).
Fossem os fundadores pagar por essa divulgação, o preço final seria proibitivo. Todavia, por causa da polêmica, a Academia Campinense de Letras já nasceu famosa e sua fama extrapolou, inclusive, os limites da cidade e espalhou-se, na época, por todo o Estado.
O interessante é que em Campinas não há nenhuma outra instituição que traga a palavra “campinense” no nome. Ademais, os nascidos aqui são chamados, invariavelmente, em toda e qualquer parte, de “campineiros”. E, no entanto, as duas formas de tratamento são rigorosamente corretas. É pura questão de hábito, tradição e de um tantinho de desconhecimento por parte das pessoas que acham a segunda forma errada.
No final das contas, os ilustres (e saudosos) fundadores da academia quiseram que o nome fosse “Campinense” e “Campinense” ficou. Para estranheza, claro, de muitas pessoas, inclusive a sua, caro e amável Carlitos. Volte sempre e, mais do que isso, torne-se nosso seguidor.
Boa leitura.
O Editor.
Caríssimos amigos que prestigiam o Literário, boa tarde.
O leitor Carlito Rocha Pereira questiona-me sobre o editorial de ontem, a propósito de academias. Observa que eu talvez tenha cometido um equívoco ao falar da Academia Campinense de Letras. Pondera que, se a instituição é de Campinas, deveria chamar-se “Campineira”. “Campinense”, no seu entender, seria o nome correto se a academia em questão fosse da cidade de Campina Grande, na Paraíba.
Em tese, o leitor está certo. Mas na realidade... Carlito, você nem queira saber a confusão que esse nome deu, há mais de meio século, quando da fundação da referida instituição. O mesmo que você disse, os que se opuseram à denominação também disseram. Gerou-se uma polêmica azeda na imprensa local, entre partidários das duas denominações, cada qual tentando provar sua tese. E os que polemizavam entre si não eram cidadãos comuns, ou meros curiosos. Eram ilustres escritores e, sobretudo, professores, autores de gramáticas da língua portuguesa.
No final das contas, venceu a “refrega” o grupo que garantia que os dois patrônimos para as pessoas nascidas em Campinas (ou para instituições criadas na cidade) são corretos. Tanto pode ser “campineiro”, quanto “campinense”.
Carlito, você pode não acreditar, mas até um livro foi escrito para defender essa posição, que teve excelente venda na cidade, por sinal. Após lê-lo, convenci-me que o nome Academia Campinense de Letras, para a instituição sediada em Campinas, é correto. Mas não me peça para explicar o porquê, pois eu não saberia dar essa explicação.
De qualquer forma, a polêmica foi magnífica jogada de marketing, embora na ocasião ninguém tivesse a mínima noção dessa disciplina ligada à propaganda e publicidade. O nome da então nova academia de letras freqüentou por quase um ano as páginas dos dois principais jornais de Campinas, que estão entre os melhores do País (o Correio Popular, por exemplo, é o 16° que mais fatura no Brasil, de acordo com dados confiáveis).
Fossem os fundadores pagar por essa divulgação, o preço final seria proibitivo. Todavia, por causa da polêmica, a Academia Campinense de Letras já nasceu famosa e sua fama extrapolou, inclusive, os limites da cidade e espalhou-se, na época, por todo o Estado.
O interessante é que em Campinas não há nenhuma outra instituição que traga a palavra “campinense” no nome. Ademais, os nascidos aqui são chamados, invariavelmente, em toda e qualquer parte, de “campineiros”. E, no entanto, as duas formas de tratamento são rigorosamente corretas. É pura questão de hábito, tradição e de um tantinho de desconhecimento por parte das pessoas que acham a segunda forma errada.
No final das contas, os ilustres (e saudosos) fundadores da academia quiseram que o nome fosse “Campinense” e “Campinense” ficou. Para estranheza, claro, de muitas pessoas, inclusive a sua, caro e amável Carlitos. Volte sempre e, mais do que isso, torne-se nosso seguidor.
Boa leitura.
O Editor.
Quem nasce em Montes Claros é montesclarense, mas há quem ache que deva ser montes-clarense. Por analogia o final tem der ser com "se", mas até nisso há quem questione e use o "ce", que a meu ver é incorreto.
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