Sortilégio
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
É
noite de lua cheia, única em sua beleza etérea, ela se banha nas
águas do ribeirão. Emerge nua e das gotas que escorrem pelo seu
corpo, surgem pequenos cristais que forram o chão, formando um
tapete de estrelas.
A
cadência de seus passos movimenta a brisa, que espalha um cheiro de
jasmim. Com o coração aos pulos, ela espreita. Ele está por
perto. Caminha na escuridão e toca suas mãos frias, guiando os seus
passos. Mas ele já está tomado de urgências e suas
narinas se dilatam, como as de uma fera.
Derruba-a
no chão, penetrando-lhe nas entranhas, saciando uma vontade voraz
que nem sabe de onde surgira. Olhando-a nos olhos, agora quase
mortiços, cobre sua boca com um beijo longo e ardente. Arrebata-a
uma vez mais e, atônito, vai embora.
A
bela levanta, sorrindo, e abraça seu corpo. Retorna para as águas
do ribeirão, onde espera, placidamente, encantar mais um filho da
terra.
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Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário
Ele arrebata e ela e ao leitor.
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