sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Algumas questões - Eduardo Oliveira Freire


Algumas questões

* Por Eduardo Oliveira Freire
 
Surgiu uma conversa sobre um "fato" de que a maioria dos assaltantes é negra ou pardaApesar de este pressuposto ser preconceituoso, há certos aspectos que precisam ser discutidos. 
 
Ao observar um pouco mais atentamente, percebe-se que das classes mais ricas a maioria é branca. Por motivos históricos e sociais, os negros estão na base da pirâmide. Lógico que não se pode generalizar, mas, pela probabilidade, os ladrões brancos estão roubando na política, no judiciário e nas redes internacionais de tráfico de drogas. Fazem as leis para benefício próprio.
 
Agora, lógico que não se deve cair num maniqueísmo estereotipado de os negros e pardos serem os injustiçados e os brancos, vilões. Na formação de um indivíduo, existem combinações aleatórias de fatores internos e externos. Nem todos que vivem em lugares pobres e violentos seguirão uma vida de crime.
 
Entretanto, esta é a ideia de que o indivíduo pode tudo e se não conseguiu é exclusivamente por culpa dele. Isso favorece o pensamento conservador das elites. Se o que vale é o esforço individual, para que mudar alguma coisa, como melhorar as escolas e os hospitais públicos?
 
Os movimentos sociais, mesmo com seus defeitos, são importantes para dar uma equidade na sociedade.   Por exemplo, a luta do movimento negro é para criar oportunidades e outros paradigmas e contraponto ao status quo da sociedade.
 
Fui criança nos anos 80. Lembro-me que meus coleguinhas pintavam a personagem Tia Nastácia do Sítio do Picapau Amarelo de cor clara, pois se pintassem de preto seria ofensa. Também,  em  uma ocasião, brinquei com uma menina negra,  que  me disse que quando crescesse, iria se transformar numa nova Xuxa, loira e de olho azul. 
 
Por isso é importante, sim, o empoderamento e a valorização da diversidade da beleza, para que as "minorias" tenham autoestima e modelos para serem seguidos.   Pesquisei na internet,  até, o significado de empoderar.
 
É  um verbo que se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem. A partir do seu sentido figurado, empoderar representa a ação de atribuir domínio ou poder sobre determinada situação, condição ou característica.
 
Isto não é mimi. Repito, não vamos ao caminho mais fácil do maniqueísmo estereotipado e da cultura de ódio dos "hats".


* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
   



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