quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Réquiem para um beija-flor adormecido - Zélia Bora


Réquiem para um beija-flor adormecido


* Por Zélia Bora



Dorme, dorme pequenina ave.
Contigo cessa uma. pequena centelha de vida do Infinito
que se juntará às outras para formar de novo a vida
se não aqui, em algum paraíso.

Oh, pequeno ser dos céus,
tuas peninhas verdes já não brilham
como acontece às matas brasileiras.
Não mais viajarás pelas flores dos jardins desta crua cidade

Não sei se eras pai, mãe ou filho.
Nada sei dos passarinhos, a não ser que cantam
como brilha o sol.

Dorme, dorme, ser da linhagem dos anjos
fizestes a obrigação de voar,
de carregar contigo a vida,
fazendo nascer as flores.

Dorme agora, pequena ave,
te devolverei à terra.
Dormirás feliz e, como último ato de amor,
darás à terra teu corpinho minúsculo.

* Zélia Bora tem doutorado em Estudos Portugueses e Brasileiros, pela Brown University, USA e atualmente é professora de Literatura Brasileira da Universidade Federal da Paraíba –UFPb.


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