domingo, 25 de fevereiro de 2018

Canto do mar - Homero Homem


Canto do mar



* Por Homero Homem




A Haroldo Barbosa.



Sou (fui) um oceano.
Tive ilhas remotas encantadas
E golfos os mais persas: tive sórdido
Paul, área interdita
Ao comércio do peixe e da gaivota
Memória de outro céu (Deus era esponja)
Em meu dorso de brisas circulava
Recém criado azul mediterrâneo.
Deflorava na praia a lua nova
Nasciam sernambis e pitangolas.
Meu fichário de águas guarda ainda
Atlântico cemitério onde repousam
Bujarronas, velames e sextantes
Ânforas de barro reacendendo a vinho
Espadas de Toledo
Torres do Tombo
Ouro dos Brasis.


Sou (fui) um oceano:
'Rinha naval do choque de espadartes
Ravina mineral (chão da enchova)
Manjedoura do peixe cachalote
Jardim com seus repúdios de golfinho
Casa do parto anterior ao homem
Com suas garatéias e noticias.


* Poeta e escritor potiguar.


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