Gravador de rolo
* Por
Ana Deliberador
Mil novecentos e
sessenta e um. Gravador de voz? O que vem a ser isso?
Naquela cidadezinha
ninguém conhecia o dito aparelho então foi fácil, muito fácil, colocá-lo na
cozinha, sobre a velha geladeira a querosene que viera pra casa de Zé Corrêa na
véspera do casamento da primeira filha, há exatos onze anos.
A mulherada, empenhada
na elaboração de deliciosos quitutes, não percebeu o gesto ou melhor, não se
importou com a presença daquele aparelho estranho, em que dois rolos ficavam girando, devagar. E a
conversa correu animada e… solta!
Júlio Vieira, o dono
do gravador, esperou o tempo necessário.
Após o almoço, já na
hora do cafezinho, pôs o aparelho a falar, para surpresa de todos e desgosto de
muitos!
* Professora, pintora e escritora
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