terça-feira, 4 de agosto de 2015

Em um apartamento


* Por Eduardo Oliveira Freire


Sei que você não gosta desta pergunta, mas, acha que eu tenho talento?

– Não sou seu guru. Sou só uma pessoa mais experiente que pode lhe dar algumas dicas de leitura. 

– Gosta do que escrevo?

– Há textos que sim e outros não.

 –Mas, teve um que lhe chamou mais atenção.

– Não.

– Então, os meus contos são fracos.

– Tem que entender, que deve continuar a ler e a escrever bastante. Revisar os seus textos exaustivamente. Pára de esperar alguém que chegará e dirá para você “ tem talento”; “ é um escritor maravilhoso”. Sempre almeja com fervor que alguém masturbe o seu ego.

– Só queria que me dissessem “continua, tem potencial”. Será que é pedir demais?

– O mais importante é trabalhar e continuar observando o mundo ao seu redor, porque um artista precisa ser sensível para transformar um simples acontecimento do cotidiano ou um sonho “meio sem nexo” em arte.

– Estou cansado. Idéias surgem e as minhas mãos lentas não conseguem acompanhá-las. Olho para o computador desligado parece que ele me chama para escrever. Tento fugir dele. Caminho por algumas horas. Contudo, ele continua me chamando. Parece uma maldição.

– É assim mesmo. Produzir é angustiante, porém, não deixa de ser prazeroso. Dois lados da mesma moeda.

– Quem sabe em outras eras, domino a arte da escrita.

– Continue. É a única coisa que posso dizer a você.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor


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