O dia seguinte
* Por
Clóvis Campêlo
Meus caros amigos,
confesso que hoje acordei de peito e alma lavados e enxaguados. A vitória e
reeleição de Dilma Rousseff foi significativa e mostrou que o povo brasileiro
escolheu qual o caminho a seguir nos próximos quatro anos: queremos um Estado
mediador nas relações sociais, a continuação de uma política externa
diferenciada com a aproximação de outros mercados sem a influência norte-americana,
e, principalmente, uma política de assistência e integração social voltada para
as camadas menos favorecidas, no âmbito interno.
A mim, especialmente,
comoveu a votação por Dilma obtida em Pernambuco, com 70,20% dos votos, haja
vista que no primeiro turno o Partido Socialista Brasileiro, do finado Eduardo
Campos, impôs-se, elegendo os seus candidatos a governador e senador, e não
dando espaço aos candidatos do PT e da sua coligação. Mais especificamente no
Recife, os 59,20% de Dilma deve servir de alerta aos que se achavam os novos
“donos” do poder no Estado. Nossos eleitores são livres e cada eleição tem a
sua história própria e sua própria lógica. Demos a volta por cima, enquanto
cidade e estado autônomos e sem cabrestos eleitorais. Quem pensou que tinha o
eleitorado pernambucano e recifense nas mãos quebrou a cara.
No âmbito nacional, a
vitória petista no Norte-Nordeste e em Minas Gerais, repetindo o que acontecerá
no primeiro turno, foi significativa e incontestável, já que Aécio Neves, na
sua terra, nem mesmo conseguiu eleger o candidato a governador do PSDB.
De nada adiantou, para
ele, o apoio de estrelas como Neymar e Ronaldo Fenômeno. A derrota aconteceu
assim mesmo. No que se refere a Neymar, termino por concordar com um amigo que
a ele se refere como um perdedor: mal acabou de perder a Copa do Mundo com a
seleção brasileira, perdeu a eleição presidencial apoiando o candidato do PSDB.
Está mais para Mick Jagger do que para Pelé. Aliás, com a sua idade, Pelé já
era bicampeão mundial com a seleção brasileira e bicampeão mundial interclubes
com o Santos de Coutinho e Mengálvio. Neymar não passa de uma eterna promessa,
rico, mas ainda sem títulos importantes e consagradores. Provavelmente nunca
atingirá as marcas que Pelé atingiu enquanto jogador profissional de futebol.
De nada adiantou também
o jogo sujo de grande parte da imprensa brasileira, com a divulgação de boatos
e notícias falaciosas de fatos e informações não comprovadas. O eleitorado
brasileiro mostrou-se lúcido e com maturidade suficiente para separar o joio do
trigo e fazer a sua opção política e partidária.
Finda a disputa
eleitoral acredito que ganhou a democracia brasileira, apesar das apelações
cometidas por alguns. À vencedora, caberá a responsabilidade de retomar o
processo evolutivo da nossa economia. Ao perdedor, a responsabilidade de
assimilar a escolha feita pelo povo brasileiro, respeitando a decisão e a opção
política e eleitoral da maioria.
Recife, outubro de 2014
*
Poeta, jornalista e radialista, blogs:
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