terça-feira, 28 de outubro de 2014

O dia seguinte


* Por Clóvis Campêlo

Meus caros amigos, confesso que hoje acordei de peito e alma lavados e enxaguados. A vitória e reeleição de Dilma Rousseff foi significativa e mostrou que o povo brasileiro escolheu qual o caminho a seguir nos próximos quatro anos: queremos um Estado mediador nas relações sociais, a continuação de uma política externa diferenciada com a aproximação de outros mercados sem a influência norte-americana, e, principalmente, uma política de assistência e integração social voltada para as camadas menos favorecidas, no âmbito interno.

A mim, especialmente, comoveu a votação por Dilma obtida em Pernambuco, com 70,20% dos votos, haja vista que no primeiro turno o Partido Socialista Brasileiro, do finado Eduardo Campos, impôs-se, elegendo os seus candidatos a governador e senador, e não dando espaço aos candidatos do PT e da sua coligação. Mais especificamente no Recife, os 59,20% de Dilma deve servir de alerta aos que se achavam os novos “donos” do poder no Estado. Nossos eleitores são livres e cada eleição tem a sua história própria e sua própria lógica. Demos a volta por cima, enquanto cidade e estado autônomos e sem cabrestos eleitorais. Quem pensou que tinha o eleitorado pernambucano e recifense nas mãos quebrou a cara.

No âmbito nacional, a vitória petista no Norte-Nordeste e em Minas Gerais, repetindo o que acontecerá no primeiro turno, foi significativa e incontestável, já que Aécio Neves, na sua terra, nem mesmo conseguiu eleger o candidato a governador do PSDB.

De nada adiantou, para ele, o apoio de estrelas como Neymar e Ronaldo Fenômeno. A derrota aconteceu assim mesmo. No que se refere a Neymar, termino por concordar com um amigo que a ele se refere como um perdedor: mal acabou de perder a Copa do Mundo com a seleção brasileira, perdeu a eleição presidencial apoiando o candidato do PSDB. Está mais para Mick Jagger do que para Pelé. Aliás, com a sua idade, Pelé já era bicampeão mundial com a seleção brasileira e bicampeão mundial interclubes com o Santos de Coutinho e Mengálvio. Neymar não passa de uma eterna promessa, rico, mas ainda sem títulos importantes e consagradores. Provavelmente nunca atingirá as marcas que Pelé atingiu enquanto jogador profissional de futebol.

De nada adiantou também o jogo sujo de grande parte da imprensa brasileira, com a divulgação de boatos e notícias falaciosas de fatos e informações não comprovadas. O eleitorado brasileiro mostrou-se lúcido e com maturidade suficiente para separar o joio do trigo e fazer a sua opção política e partidária.

Finda a disputa eleitoral acredito que ganhou a democracia brasileira, apesar das apelações cometidas por alguns. À vencedora, caberá a responsabilidade de retomar o processo evolutivo da nossa economia. Ao perdedor, a responsabilidade de assimilar a escolha feita pelo povo brasileiro, respeitando a decisão e a opção política e eleitoral da maioria.

Recife, outubro de 2014

* Poeta, jornalista e radialista, blogs:



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