domingo, 2 de junho de 2013

Mais alto

* Por Florbela Espanca

Mais alto, sim! Mais alto, mais além
Do sonho, onde morar a dor da vida,
Até sair de mim! Ser a Perdida,
A quem não se encontra! Aquela a quem

O mundo não conhece por Alguém!
Ser orgulho, ser água na subida,
Até chegar a ser, entontecida,
Aquela que sonhou o meu desdém!

Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível
Turris Ebúrnia erguida nos espaços,
A rutilante luz do impossível!

Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber
O mal da vida dentro dos meus braços,
Dos meus divinos braços de Mulher!


* Poetisa portuguesa

Um comentário:

  1. Linda, autêntica e louca por falar tanto numa época que a boca da mulher deveria ficar cerrada. E os dedos também.

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