segunda-feira, 1 de novembro de 2010




Leia nesta edição:

Editorial – Educadores potenciais

Coluna Planeta Manjaterra – Renato Manjaterra, prefácio do livro Cronos e Narciso, “A arte imita a vida, que imita a arte”

Coluna Em verso e prosa – Núbia Araújo Nonato do Amaral, poema “Mágica”

Coluna Sensibilidade e sutilezas –Aliene Coutinho, crônica “Ai que saudades do carteiro...”

Coluna Pessoas e histórias – Eduardo Murta, conto “Há um mar em Juliana”.

Coluna Porta Aberta – Luís Ramil, depoimento “A dor da Argentina”. ..

Obs.: Se você for amante de Literatura, gostar de escrever, estiver à procura de um espaço para mostrar seus textos e quiser participar deste espaço, encaminhe-nos suas produções (crônicas, poemas, contos, ensaios etc.). O endereço do editor do Literário é: pedrojbk@gmail.com. As portas sempre estarão abertas para a sua participação.

Educadores potenciais

O
educador tem tarefa das mais importantes, que não se limita a uma única pessoa, único grupo, ou única geração, mas que se estende por todos outros. Compete-lhe transmitir experiências, princípios, virtudes, comportamentos, descobertas e valores que se perpetuem e tornem as pessoas melhores, mais seguras, abnegadas, justas e solidárias. Sua missão não se restringe à simples transmissão de conhecimentos. Não se deve, pois, confundir o educador com o professor. O último pode exercer a tarefa do primeiro, não, contudo, com exclusividade. Há diferenças profundas entre educar e meramente instruir. E não se trata, só, de mero preciosismo semântico.
O educador caracteriza-se pelo desenvolvimento e consolidação de saudáveis e construtivos comportamentos – individuais e coletivos – nos educandos. Pais, mestres, sacerdotes, líderes comunitários, jornalistas, escritores etc. são, todos. educadores em potencial. E nem é preciso que o sujeito seja letrado para tal. Pode ser analfabeto, não distinguir o “o” do “u”, mas se contar com princípios de boa conduta e higiene e cultivar valores testados pelo tempo, exercerá essa missão com a mesma competência (ou, quem sabe, maior) do que a de um doutor, com dezenas de títulos acadêmicos.

Os educadores são os verdadeiros construtores do futuro quando exercem com consciência e assiduidade essa missão educativa. Quem exerce esse papel é o sublime semeador de esperanças, que lança, cotidianamente, sementes e mais sementes, no solo (nem sempre fértil) das mentes e dos corações dos futuros líderes. Carrol Lewis afirmou a respeito: “A tarefa do educador moderno não é derrubar florestas, mas irrigar desertos”. Ou seja, é transformar mentalidades estéreis e esturricadas em férteis e produtivos campos, em que brotem saudáveis florestas de solidariedade e de amor.

“Não cabe ao professor a tarefa de educar?”, perguntará, perplexo e um tanto confuso, o curioso leitor, convicto de que estou equivocado a esse propósito. Não estou. Pode, de fato, caber-lhe “também” essa missão, mas não se trata de sua função específica, e muito menos exclusiva, como o vulgo supõe. Afinal, o que vem a ser, de fato, um “professor”? Por definição, é o que “professa” alguma idéia, conceito, filosofia ou ideologia. Para melhor entendimento, é preciso recorrer ao dicionário. Escolhi o Michaelis de língua portuguesa (como poderia ter escolhido o Aurélio que daria na mesma), para esclarecer a questão.

O verbo professar, de onde deriva a palavra “professor” (o que professa), tem dez significados. Vamos a eles?

1. Reconhecer ou confessar publicamente. Exemplo: professar uma doutrina ou uma opinião (Provou com obras a amizade que me professava).
2. Ensinar como professor. Exemplo: professar matemática.
3. Ter a convicção de. Exemplo: professar idéias fraternistas.
4. Fazer propaganda de; preconizar. Exemplo: Professar a verdade e advogar o bem.
5. Pôr em prática. Exemplo: Ele professa as idéias que prega.
6. Exercer uma profissão; dedicar-se a uma arte. Exemplo: Professar a medicina.
7. Abraçar ou declarar-se devoto ou adepto (de uma doutrina, uma religião, uma seita, um partido). Exemplo: Professa publicamente o cristianismo.
8. Proferir votos, ligando-se a uma doutrina, a uma ordem religiosa, a uma religião. Exemplo: Professara no catolicismo. (“Não professaste, és livre, podes dar-lhe a mão” – Rebelo da Silva).
9. Prometer, jurar. Exemplo: Professar amizade a alguém.
10. Ter, manter (afeição, amizade). Exemplo: Salomão, com quem professas amizade (Mário Barreto).

Viram? Professor é o que faz tudo isso e não apenas, ou especificamente, o que ensina, instrui e eventualmente educa. Já o educador pode (e deve) ser você, ser eu, ser o padre da sua paróquia, o pastor da sua igreja, o escritor que lida com conceitos etc. etc.etc. Sua ferramenta é a persuasão, a capacidade de convencimento e, não raro, o exemplo. Afinal, nada do que se impõe pela força prospera, dura e produz bons efeitos de longo prazo. Em princípio pode, até, parecer que é eficaz. Não passa, todavia, de ilusão.

Educar, pois, não é impor, como até recentemente se pensava (muitos ainda pensam), mas é, sobretudo, convencer, conquistar corações e mentes e persuadir. O educador que não tem isso como norma não está preparado para essa magna tarefa. Tem que ser educado antes de pensar e de se propor a educar. Frank Clark constatou: “Pode-se levar uma eternidade para conquistar o espírito do homem pela persuasão, mas ainda assim é mais rápido do que conquistá-lo pela força”. Eu acrescentaria que não só é o meio mais rápido, como o único verdadeiramente eficaz. Se quem educa não tem argumentos para persuadir o educando da correção do que quer transmitir, é porque não tem convicção a respeito. Em vez de educar, reitero, precisa ser educado.
É verdade que é virtualmente impossível exercermos qualquer influência benéfica no comportamento social do mundo todo, por mais sábios e famosos que sejamos, dada sua vastidão confrontada com nossa pequenez, fragilidade, e efemeridade. Mas isso não é pretexto para a omissão. Se não podemos mudar comportamentos viciosos e daninhos da nossa cidade, Estado, país ou de um continente, podemos (e devemos) fazê-lo ao nosso redor: na nossa casa, nossa rua, nosso quarteirão ou nosso bairro.

Isso requer, antes e acima de tudo, sinceridade e dedicação da nossa parte. E, principalmente, ação. Ou seja, atitudes e exemplos. Simples palavras, desacompanhadas de atos, em nada resultam. O pensador japonês Daisaku Ikeda constata a propósito: “Quando uma pessoa é sincera na consideração pelos outros, mesmo nos assuntos mais banais, então poderá provocar uma modificação completa no mundo que a cerca”. Isto é, salvo raríssimas exceções, o máximo que podemos fazer. Façamo-lo, no entanto, com constância, diligência e competência. E, sobretudo, com sinceridade. Não abramos mão do nosso potencial de educadores!

Boa leitura.

O Editor.






A arte imita a vida, que imita a arte*

**Por Renato Manjaterra

Uma vez fiquei sabendo que o produto que eu diagramava passaria por um revisor. Não lembro como reagi, lembro que não gostei. Havia questões de horário e um certo receio (pouco) profissional misturados. O tempo e a vaidade estavam presentes quando eu conheci o Pedrão, o autor.

Fiquei feliz quando soube quem seria o revisor: Pedro Bondaczuk. Sabia dele o que todo mundo sabia: um jornalista, para falar bem pouco, muito bem-conceituado e conhecido, que torcia, desavergonhadamente, pela Ponte Preta. Um gigante na profissão que eu escolhi, essa que mistura, tão vigorosamente, o tempo e a vaidade.

Tenho, desde então, o privilégio de conhecer e conviver com um jovem veterano do ofício de observar e registrar a vida, nesse corte que vai da superfície até o que a vida tiver de mais profundo. E é esse o conteúdo de Cronos & Narciso: observações sobre o mundo, em textos curtos, todos ligados ao tempo ou à vaidade, ou a ambos.

O tempo passa, em geral, por cima das vaidades, levando aquilo que nossa maior parte julga ter de melhor. E o sentimento de soberba, em ostentar o viço da idade, se esfacela e dá lugar à frustração. Há, entretanto, aqueles que entendem o tempo e colocam-se a favor dele, aproveitando seu decurso para aprender, produzir arte e cultura, enfim, cultivar experiências, realizações e, sobretudo, relacionamentos que edifiquem a pessoa de forma atemporal, eterna.
E o mais engraçado disso é que estas pessoas que escolhem cultivar, e cultivar em si, esses valores diferentes do superficialmente belo, o fazem por pura vaidade. Só não é a mesma vaidade estúpida, aquela que se cria dentro das pessoas, não raro as domina e inevitavelmente se transforma em neurose tão rapidamente quanto se esvai o vigor da pré-maturidade.
Essa é para mim a mais importante lição aprendida desse velho e vaidoso escritor: há qualidades que só o tempo consegue potencializar ou mesmo realizar.
Tomara que o Pedro Bondaczuk entenda o que significou para um iniciante o convite para escrever as linhas que vão introduzir seus tantos leitores pelas reflexões desse velho e vaidoso escritor.
De qualquer forma, caso seja isso que ele estivesse esperando: Pois não, Pedrão, você é um velho bonitão.

• Prefácio do livro “Cronos e Narciso” de Pedro J. Bondaczuk.


** Jornalista e escritor, webdesigner, colunista esportivo, pontepretano de quatro costados, autor do livro “Colinas, Pará” com prefácio do Senador Eduardo Suplicy, bacharel em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCAMP, blog http://manjaterra.blogspot.com



Mágica

* Por Núbia Araújo Nonato do Amaral

Brinco com
o seu corpo
enquanto
exalta-me
o toque.
Com um
sorriso
malicioso,
num passe
de mágica
te cubro
por inteiro
fazendo-o
desaparecer.

* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário



Aí que saudades do carteiro...

* Por Aliene Coutinho


Há alguns anos me entristecia o fato do carteiro passar na rua e não me trazer nenhuma carta. Na época, quando gastávamos os dedos escrevendo páginas e páginas para passar notícias, e comprávamos selos e envelopes, me correspondia com primos dos quatro cantos do País, e com aquele que um dia se tornou meu marido. Dessa forma, a visita do carteiro sempre era esperada com muita ansiedade.

Durante alguns anos, tamanha era a freqüência das cartas que ele deixou de ser apenas o “carteiro”, eu sabia o nome dele, e ele sabia o meu. Éramos "quase" amigos, muita vezes lhe oferecia suco ou café em troca das boas notícias que trazia. Quando ele chegava na porta de minha casa não mais gritava o tradicional "correio!". Me chamava e dividia comigo a alegria de receber aqueles envelopes brancos, coloridos, com selos diferentes que passei a colecionar.

Guardo até hoje cada uma dessas cartas numa grande caixa de papelão. Freqüentemente, me pego relendo pedaços de minha vida, confidências, promessas e juras de amor. Grandes análises de nossas vidas de adolescentes também faziam parte dos conteúdos. Éramos críticos aos costumes e regras de comportamento da época e otimistas em relação ao futuro. Tudo muito normal para nossa idade.

Hoje, vejo meus filhos repetindo essa troca de informações via internet, eu mesma me comunico com parentes e amigos da mesma forma, mas como é triste não ter o mensageiro, aquela pessoa que sabia que pelo menos em alguns dias da semana, teria de me consolar dizendo: “hoje não tem nada, mas não se preocupe, amanhã virão muitas cartas”. Pelo computador não tem jeito. A gente abre a caixa de mensagem e algumas vezes não tem uma linha escrita, e graças aos filtros, sequer um spam. E aí, a gente fica pensando até que ponto, algo que une tão rapidamente pessoas de diferentes pontos do mundo, nos faz sentir tão sozinhos...

* Jornalista e professora de Telejornalismo



Há um mar em Juliana



* Por Eduardo Murta

As luzes estão apagadas. E Juliana quer, simplesmente, esquecer. Soa a uma eternidade cada piscar de olhos. Pudesse, desplugaria o mundo ali, num ato seco, breve e sem atalhos. Remédio não havia. Ela se estica sobre a cama, move as mãos lateralmente, em forma de cruz. Suspira, imitando os apaixonados. E decide: vai limpar as gavetas, revirar os armários. Começa pela coleção de sapatos. O vermelho, com o salto quebrado, separa. Que se vá também o creme, com a borda descolada. E a sandália prateada, do baile de formatura.

Uma caixa mais, e Juliana chega às fotos. Chapéu de rodeio e a pose, risonha, em preto e branco, sobre o cavalinho de pau do parque. O escândalo nos braços do Papai Noel de vitrine. É uma imagem, pouco à frente, que a tomará como uma espiral a varrer folhas de agosto. Juliana faz menção de guardá-la. No caminho, desiste. Estão lá o pai, a mãe, Ju e a irmã. O cachorro Segredo completa o quadro. Ao fundo, o mar. Era a primeira viagem ao litoral. Um dos pés está ligeiramente adernado. O outro ao ar, como em desequilíbrio.

Era exatamente assim que Juliana sentia o mundo agora. E a impressão que guardou do mar no primeiro contato a visitava ali. A lembrança das mãos espalmadas sobre as sobrancelhas de menina. O giro lento do pescoço duma ponta à outra. E a síntese, segura, descrita à mãe: 'O mar é grande. Mas não é assim tão grande como eles falam'. Sem dar tempo à resposta, lançou às águas a bóia moldada em câmara de pneu, com remendos à borda. Só compreenderia, anos mais tarde, o significado do riso de canto de boca que a mãe lhe devolvera.

Era nesse mesmo tom que reagiria, mais à frente, ao universo povoado de duendes, fadas e bruxas que o filho lhe revelava às portas das noites de sono. Tudo em tom de segredo. Juliana, então, inclina a foto, já sem cores vivas, diante do rosto. A cabeça em rotação, acompanhando o movimento. Feito um barco. Corre sobre ela a ponta da unha esmaltada. Como se tocasse a areia. É ao mar que voltará, define. Seguirá na manhãzinha da terça. Sem dizer ao marido, dar pistas ao filho ou ciência ao trabalho. Revelara tanto, até então, que se permitia seguir assim. Sem palavra que fosse.
Estava exausta e, por escolha, só. Não revelaria, nem ao marido, nem ao filho, a sentença que ouvira naquela tarde. O sinto muito definitivo do médico. A pilha de exames a que se submetera. Não era nada, não era nada, limitou-se a descrever. Ar de quem se manteria, com naturalidade, iluminando a casa. Decidira, afinal, poupá-los. Aprontou uma malinha, em silêncio, na madrugada. A escova de dentes ficaria para trás. Separou fotos, muitas fotos. Uma sandália baixa. Uma caneta. O cigarro esqueceria sobre a mesa. Batons, batons, suas loções finas, não faziam mais sentido. Perfumes, menos ainda.

O lenço em vermelho forte, da Espanha, a acompanharia. Foi com ele ao pescoço que Juliana tomou a estrada em busca do litoral. Vidros abertos. E como era a ela mesma que mais precisava ouvir, abriria mão da música pelo trajeto afora. As fotos ela deixou sobre o outro banco dianteiro. Foi lançando, uma a uma, às margens. Como se desconstruísse o que levara uma vida a alinhavar. Havia gente cujo nome se transformara num mistério instigante. Outros, que amava com uma solidez inabalável. Aportou, então, no reencontro com o mar, segurando uma única foto.

A imagem era a que a desafiara, horas atrás. Os pés em ligeiro desequilíbrio. Mais que isso: a impressão sobre a vastidão das águas, que comparava ao sentimento que lhe assombrava naquele instante. A saudade, resumia, era feito um oceano. Como cabia, sem transbordar, num território tão pequenino quanto o coração? Por certo, imitava o mar. Aos olhos de menina, não lhe parecia aquele horizonte gigantesco de que falavam os livros. Nenhum mencionava a solidão, porém, para além do olhar. Ju caminhou ao estertor das marés, deixou que as ondas lhe tocassem os pés.

E sentiu que estava pronta para a volta. Antes, transformou a foto num cartão-postal. Subiu a serra em paciência de quem esperava que recebessem, primeiro, sua mensagem. Lá escreveu, no costado: 'Há um oceano de saudade em mim'. Foi parando a cada cidadezinha. Face ao vento. Agora, com música. E nenhuma foto mais para lançar à estrada. Era ao destino que entregava suas mãos.


* Jornalista, autor de "Tantas Histórias. Pessoas Tantas", livro lançado em maio de 2006, que reúne 50 crônicas selecionadas publicadas na imprensa. Já teve passagens pelos jornais Diário de Minas, Estado de Minas e Hoje em Dia, além de Folha de S.Paulo e revista Veja. É um dos colunistas pioneiros, e mais aplaudidos do Literário.



A dor da Argentina

Perdemos Nestor Kirchner

* Depoimento de Luis Ramil (Argentina)



Tradução - Urda Alice Klueger ( Brasil)

Sinto um grande orgulho de haver conhecido a este homem, sinto uma grande tristeza por tanta injustiça sem resolver, e agora uma mais, a morte do companheiro Nestor. Evo Morales disse que Nestor Kirchner era o primeiro presidente da América Latina, quando ele foi eleito para ser secretário geral da UNASUR.
Que mais posso dizer? Desde a noite passada que estou aqui na praça – não sabemos o que fazer. Choramos, pensamos no futuro. QUEM CALÇARÁ OS SEUS SAPATOS E SAIRÁ A PERCORRER A AMÉRICA BUSCANDO A PAZ E A UNIÃO DOS POVOS? QUEM NOS SORRIRÁ E FARÁ UM GESTO COM A MÃO QUE TODOS COMPREENDEMOS COMO... CALMA!... Agora nosso destino está em nossas próprias mãos – teria desejado ele isto? Eu acredito que sim, porém não tão rápido. Agora teremos que crescer de inopino, conseguir a vitória com nosso general morto. Há que acompanhar a CRISTINA FERNANDEZ – poderá ela seguir sozinha, fazer frente a tantos inimigos? Percebo que a gente nos bairros, nos transportes, está golpeada. Mesmo os que eram anti-Kirchner estão desorientados. Todos nos perguntamos: e agora? O que vai ser? Porque não se trata da continuidade de um governo burguês, nem de uma presidenta simpática. Tratam-se de grandes mudanças que se estavam gestando no próprio seio da sociedade, e não em escuros escritórios, ou nas ruas, ou nas pequenas cidades. Hoje estamos tão tristes que os únicos que têm respostas são os da direita. Eles têm todas as respostas preparados enquanto um atrás do outro provam a roupa que o morto deixou. Canalhas! Quando o luto terminar e as lágrimas deixarem de nublar-me a visão poderei fazer uma análise melhor. Por enquanto, sou só dor e tristeza. São milhares e milhares de homens de mulheres chorando na solidão que a morte de Nestor Kirchner nos deixou. Mais tarde virão as bandeiras, os desfiles e as bandas de música. Porém agora cada um está sozinho na sua dor.


• Luis Ramil – professor e escritor