sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Uma verdadeira reforma política


* Por Fernando Yanmar Narciso

Depois de um período eleitoral emocionante e completamente imprevisível, no qual houve até a morte de um candidato, viradas de casaca que não fizeram o menor sentido, discussões acirradas entre partidos opostos como há décadas não se via, boatarias de ambos os lados e uma literal divisão do território nacional, ele enfim teve seu desfecho. Numa disputa de pescoço a pescoço, a presidenta conseguiu se reeleger quase milagrosamente, pela diferença de votos mais apertada desde 1989.

Enfim, o ano de 2015 começou essa semana para nossa representante-maior. E com um ano novo, novas chances para tentar superar seu governo anterior, assim como novos embates com antigas desavenças. Há quase uma década circulam por Brasília projetos para realizar a tão sonhada Reforma Política, necessária para tentar corrigir  inúmeras falhas e vícios da política nacional.

E a presidente se agarrou a essa ideia com unhas e dentes, fazendo dela o carro-chefe de sua campanha eleitoral e jurando convocar a população brasileira para realizá-la, em suas próprias palavras, nem que a vaca tussa. Quisera Drª. Dilma que seus coleguinhas de congresso compartilhassem o mesmo ideal... Ela mal regressou de um recesso de quatro ou cinco dias e já se viu diante de uma tentativa da oposição de deturpar sua promessa de campanha.

Dilma planeja convocar a nação a um plebiscito, ou seja, poderíamos escolher os pontos da reforma que deverão vir a furo. Na esparrela da oposição, eles pretendem propor um referendo, quer dizer, o pacote de propostas já vem empacotadinho e joiado das mãos do Legislativo, cabendo a nós apenas assinalar com “sim” ou “não. A presidente não afirma desconsiderar a ideia de um referendo em detrimento de um plebiscito, mas de um jeito ou de outro, Ctrl+Alt+Del na política brasileira acabará por acontecer até 2018, pasteurizado ou não.

Por mais que a função de uma oposição seja se opor ao governo, só consigo ver criancice e birra nessa presepada toda. Quer dizer, um político não devia zelar pelo bem do seu povo? Num momento tão importante para o futuro do país, ideologias opostas e/ou infantilidade de maus perdedores deviam ser postas de lado!

O problema é que, quando você pega para ler as propostas da reforma política, elas mais parecem reivindicações do movimento Bom Senso F.C, cheias de letrinhas miúdas que, fora do papel, interfeririam muito pouco no andamento e na melhora da política, ou do futebol. A saber:

“Pela proposta de Dilma, um plebiscito sobre a reforma política permitiria aos brasileiros posicionar-se sobre vários temas. Eles poderiam, por exemplo, decidir se o financiamento das campanhas deve ser público, privado ou misto; se o voto deve ser nos partidos, em listas fechadas, ou em candidatos; se deve ser criada uma cláusula de barreira para impedir que partidos pequenos assumem lugares na Câmara; e se a reeleição deve ser proibida.”**

Como podem ver, elas não respondem as questões fundamentais da política brasileira: Como tais propostas acabarão com a corrupção e a impunidade? Como tais propostas poderão manter os sacanas fora do Congresso? Se o trabalho de um político é/foi satisfatório, por que abolir a reeleição se o povo o quiser de novo? Na hora de colocar os pingos nos “is”, essas propostas caem em pé e correm deitadas.

Já que a presidente faz tanta questão que nós participemos desse momento, não seria melhor se NÓS apresentássemos propostas mais com a cara do povo? Isso sim é a verdadeira democracia! A Excelentíssima nunca lerá esse artigo, mas darei meus pitacos mesmo assim. Só há duas coisas impossíveis de refrear no ser humano, a ganância e a má índole. O ex-presidente Mujica já provou que, ao legalizar a maconha, o número de mortes relacionadas ao tráfico no Uruguai caiu a quase zero.

Pois, se a graça de cometer um crime é justamente ele ser contra a lei, por que não legalizar tudo? Drogas, aborto, casamento gay, porte de armas, corrupção... O interesse pela contravenção acabaria caindo sem a adrenalina proporcionada por fazer algo errado. E já que é virtualmente impossível acabar com a corrupção, se legalizá-la for um passo radical demais, que pelo menos propusessem sua regulamentação.

Por exemplo: O teto do assalto poderia variar de acordo com o cargo público exercido. Se você for um deputado estadual e afanar um real a mais que o permitido por seu cargo, vai pro xilindró sem possibilidade de habeas corpus. Para facilitar as investigações da PF, poderiam até criar um tipo de Desvio-Card para os políticos. 

E tem mais: A quantidade acachapante de dinheiro público no topo da pirâmide seria até um incentivo para que aquele vereadorzinho de meia-pataca nos cafundós do Jequitinhonha pudesse algum dia chegar à Presidência da República. O que não quer dizer que o mandatário-mor da Nação esteja imune à mesma regulamentação! Se ele tiver uma moedinha de cinco centavos a mais que o permitido em sua conta, nem passaria por processo de Impeachment, desceria diretamente da rampa do Congresso pra Papuda!

Ou fazer tudo isso ou, quem sabe, simplesmente extinguir os verdadeiros cânceres da política nacional, como o DEM, o PSDB, o PP e, principalmente, o PMDB, proibindo perpetuamente que seus ex-integrantes participassem de qualquer campanha eleitoral. Ambas as propostas teriam o mesmo efeito benéfico ao país. Viram só? Em menos de meia hora, consegui dar um banho em qualquer proposta do governo!

* Escritor e designer gráfico. Contatos:
HTTP://www.facebook.com/fernandoyanmar.narciso
cyberyanmar@gmail.com
Conheçam meu livro! http://www.facebook.com/umdiacomooutroqualquer
**Extraído do site HTTP://www.mudamais.com.br


Um comentário:

  1. Depois desse última campanha presidencial, todos têm discurso e quase todos permanecem com o palanque montado. Discordo da oficialização da corrupção. Quero que seja reduzida mediante intensa investigação, divulgação e punição. Assim seja.

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