quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Acho que fui enganado!


* Por Fernando Yanmar Narciso

Há doze anos nosso país está numa guerra invisível, travada entre o governo e os oito barões da imprensa, que controlam toda a informação que podemos ou não receber. Quem acompanha as desventuras do Governo Federal apenas pela mídia tradicional (TV, revistas, jornais, rádio, etc.) acaba acreditando que o PT transformou o país não numa Venezuela, mas sim num Zimbábue, dada a negatividade exagerada com que a presidente e seus adjacentes são representados.

O único objetivo compartilhado pelos meios de comunicação é ver o PT fora do poder, e para atingir tal feito vale até provar que focinho de porco funciona como tomada. Os magnatas da informação logo se deram conta que não conseguiriam tirar o governo popular do PT no braço, pois mexeu com Lula, mexeu com o povo.

Eles precisavam dar um jeito de virar o povão contra o presidente, procuraram com fome insaciável por uma espada em brasa que pudesse destruir o PT e seu maior ícone. E o “dispositivo do juízo final” surgiu em 2005, na forma do escândalo do mensalão... Desde que Roberto Jefferson abriu o bico, pouco importa se o mensalão é ou não fato, a Grande Imprensa enfim encontrou seu tiro de misericórdia!

Desde então os veículos da mídia tradicional, capitaneados pela revista Veja, se abraçaram com todas as forças ao caso. Ela acabou se tornando um fanzine reacionário e hidrófobo, dedicado diuturnamente a difamar, mentir, esconder ou simplesmente ignorar as boas obras do governo, pintando um enorme quadro onde a corrupção só passou a existir no país depois que o PT subiu a rampa do Congresso. E muita gente caiu na esparrela.

Às vezes chegavam ao cúmulo de contar histórias caricatas e surreais, que até Gloria Perez pensaria duas vezes antes de escrever, como a reportagem dos dólares na cueca do assessor do irmão de Zé Genoíno, ou a dos dólares vindos de Cuba dentro de carregamentos de rum para financiar o Valerioduto, ou daquela pilha de dinheiro “plantada” para servir como evidência que o PT tentaria subornar o PSDB às vésperas do 1º turno em 2006, dentre várias outras.

Mas a filial do inferno na Terra não seria nada sem a ajuda de suas matilhas de cães de três cabeças vigiando os portões. Já repararam que não há na imprensa brasileira um mísero articulista positivo, libertário? A regra para se contratar um articulista parece ser a de que quanto mais reaça, preconceituoso, ingênuo, macartista e raivoso, melhor.

Se o odor de enxofre, amoníaco e chorume não exalar em abundância das páginas da revista, a missão deles não foi cumprida. Gente como Merval, Mainardi, Jabor, Constantino, Azevedo e a anta-mor Olavo de Carvalho não devem nem conseguir dormir à noite, tamanho o ódio que corre nas veias. Dá até vontade de dar um banho gelado, leite com Nescau, um cafuné e Prozac para eles. Calma, cachorrão! Por que toda essa raiva? Vai ficar tudo bem...

E os resultados/ efeitos colaterais de tanta propagação de ódio e horror estão nas ruas pra quem quiser ver. Quatro tentativas fracassadas de trazer a elite de volta ao poder mais tarde, houve uma polarização radical da população. Há uma curta maioria que conseguiu levar Dilma ao poder pela 2ª vez, esperando que ela chegue até 2018 com um governo melhor que o 1º, e há uma minoria extremista e reacionária, que perdeu nas urnas, mas insiste em se achar maioria. Eles sentem-se roubados pelo resultado final das urnas, pois pesquisas comprovadamente fajutas(o próprio pesquisador admitiu o erro) mostravam Aécio a léguas de distância de Dilma, uma semana antes do pleito.

Encabrestados pela Grande Imprensa, adotaram a Veja como sua Bíblia e querem Dilma e o PT fora do poder a qualquer custo, seja por impeachment, golpe militar ou por nuvem de gafanhotos. Recusando-se a se informar melhor ou a ouvir opiniões diferentes “das suas” partem pra ignorância por qualquer motivo. Esperamos que seja só fogo de palha...

Criou-se no Brasil e talvez em outras partes do mundo o mito de que se a imprensa fala coisas boas sobre o presidente, ela é “chapa-branca”, comprada pelo governo e não deve ser levada a sério. E que se cada jornal ou revista chega às bancas com escândalos em letras garrafais de fonte 100, a imprensa é “corajosa”, tem colhões pra expor a “verdade” ao povo sem se importar com as conseqüências e preza pelo bem do país. Ambas as visões erradas.

Sabemos que boas notícias são entediantes, apesar de úteis, mas o papel da imprensa deveria ser nos informar coisas boas e ruins. Afinal, é por isso que o GF lhes sustenta anualmente com mesadas bilionárias.A propósito, sabiam que há 50 anos Brasília dá o equivalente a R$ 600.000.000 anuais só para as Organizações Globo?

Sozinha, a Poderosa detém 80% das verbas publicitárias do Brasil, mesmo com a audiência em espiral descendente desde que Dr. Roberto “veio a faltar”. Investir tanta bufunfa numa empresa que sonha ter sua cabeça fincada numa estaca enfeitando a sala de estar é um negócio tão bom quanto comprar um terreno no sol.

* Escritor e designer gráfico. Contatos:
HTTP://www.facebook.com/fernandoyanmar.narciso
cyberyanmar@gmail.com

Conheçam meu livro! http://www.facebook.com/umdiacomooutroqualquer

Um comentário:

  1. Procuro me informar sem me fixar demais nas repetições. Nelas as mentiras viram verdades indiscutíveis, pois a deformação estava no começo.

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