Carambolas com café
* Por
Ana Deliberador
Já era meio da tarde e
ainda estavam sem almoço! Só de pensar que ainda não haviam terminado a
peregrinação daquele dia…
Cansados e famintos,
quando viram aquela caramboleira carregada de frutos madurinhos e perfumados,
pararam e encheram o “bucho”. Saciada a fome, continuaram pela estrada do
sitio, esburacada e poeirenta, até a casa do eleitor.
O marido não estava mas
a mulher, com a habitual hospitalidade das pessoas simples, mandou-os entrar
pra tomar um café. Tinha muito gosto em receber gente tão importante em casa.
– Se não pedir o meu
voto eu não voto, hem?
Entraram na casa e o
prefeito, candidato à reeleição, sentou-se no “rabo” do fogão à lenha, próximo
à janela, por onde entrava um arzinho.
Bastou um gole do café,
doce e fraco, para que a revolução intestinal tivesse início.
Disfarçadamente,
enquanto o amigo conversava com a dona da casa, virou todo o conteúdo fervente
da caneca de ágate pra fora da janela.
- Ai! Ai! Ai! –
imediatamente se ouviram gritos de susto
e dor.
Pobre do garotinho que
brincava no quintal, bem debaixo daquela janela!
*
Professora, pintora e escritora
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